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'Hino é simbólico, mas não deve ser banalizado', diz historiador

Boris Fausto vê 'encenações obscurantistas' e afirma que recuo de Vélez Rodríguez é por pressão da sociedade

26 fev 2019 - 23h13
(atualizado às 23h34)
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O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, admitiu nesta terça-feira, 26, que errou ao colocar o slogan da campanha de Jair Bolsonaro em carta enviada a todas as escolas do País para ser lida aos alunos. Ele também afirmou que retiraria "de circulação" a mensagem que pedia que crianças fossem filmadas durante a execução do Hino Nacional. No entanto, em novo e-mail mandado às escolas, o Ministério da Educação (MEC) manteve a recomendação de gravar as crianças, desde que "precedida de autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável".

Em entrevista ao Estado, Boris Fausto, historiador, cientista político e integrante da Academia Brasileira de Ciências, analisou as atitudes do ministro da Educação.

Como o senhor analisa a carta enviada pelo ministro da Educação às escolas?

O Brasil tem uma quantidade enorme de problemas educacionais, evasão, qualidade, formação de professores. Não faz o menor sentido um ministro da Educação, em vez de se preocupar com isso, lançar-se a encenações obscurantistas. É triste, lamento que tenhamos um ministro tão atrasado como o senhor Vélez.

Qual a sua opinião sobre cantar o Hino Nacional nas escolas?

O Hino é simbólico, mas não deve ser banalizado. Tem de ser usado em situações solenes, até para valorizá-lo. O sentido patrioteiro agora, de propaganda, é o mesmo do regime militar. Ele não pode ser um instrumento partidário governamental na escola.

E como analisa o recuo do ministro?

É positivo, mas não é recuo nas convicções, é um recuo por pressão da imprensa, da sociedade. Do jeito que o ministério está, estamos regredindo um século.

Estadão
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