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Faculdades de ponta ensinam teoria e técnica dentro do contexto

Com o objetivo de formar alunos mais maduros, para a vida e para o mercado, escolas buscam programas mais fluidos

18 out 2018 - 00h41
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SÃO PAULO - Em salas de aula da ESPM Tech, as paredes viraram lousas. As mesas de trabalho, brancas e sextavadas, foram feitas para serem rabiscadas com pincéis atômicos no momento dos debates intelectuais. O professor não tem mesa específica, ele circula por todo o espaço, para que a interação com os alunos seja bastante frequente. As escolas superiores de ponta de São Paulo, nos últimos anos, partiram para a aplicação de um conceito fluido e transversal de oferecer conhecimento aos alunos. A transformação, segundo os responsáveis pelos cursos, não é apenas cosmética. Elas foram feitas após estudos realizados tanto no Brasil quanto sobre experiências internacionais.

Além de reformas físicas, que praticamente enterram as exaustivas aulas expositivas na base do cuspe e giz em carteiras individuais, currículos foram refeitos. Professores tiveram de ser treinados dentro de uma nova concepção de ensinar. "As paredes da escola estão desmontando", diz Manolita Lima, coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). O processo de transformação curricular e pedagógica da instituição paulista aparece de forma mais evidente na ESPM Tech, inaugurada em agosto. O novo prédio vai abrigar os cursos que envolvem principalmente questões tecnológicas. E, a partir de 2019, um curso de cinema.

De acordo com Manolita, os alunos hoje devem ser preparados para a vida e não apenas para o mercado de trabalho. "O estudante precisa ter maturidade, noções de consequência. Professor não é babá e nem algoz", afirma a pedagoga. "O exercício da autonomia é fundamental. Até a questão da prova acaba sem sentido."

Experiência real

O Instituto Mauá de Tecnologia, na Grande São Paulo, passou por uma transformação filosófica parecida com a que ocorreu na ESPM. Se as novas tecnologias são necessárias, como impressoras 3D, análise de grandes quantidades de dados e laboratórios semelhantes ao mundo real, elas precisam funcionar dentro de um contexto, segundo Marcello Nitz, pró-reitor da instituição. "O currículo não é uma sequência de disciplinas. Nós buscamos uma ruptura. As atividades fora da sala de aula passaram a ser valorizadas. As paredes dos laboratórios foram derrubadas em busca de uma maior integração. O mundo está mais complexo. Além das questões técnicas, os alunos aqui têm oficinas de filosofia e de teatro ao longo do curso."

A questão tecnológica também é vital no curso de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mas ela é vista apenas como a cereja do bolo. "O mais importante é como desenvolver nas pessoas habilidades de resolver problemas", diz Ismar Silveira, professor de Ciências da Computação da Mackenzie.

Dentro deste cenário, o acadêmico critica o termo universidade 4.0 porque ele expressa um significado diferente daquilo que se pretende com a universidade moderna. Segundo Silveira, "é um termo que remete à indústria 4.0. Mas nós vivemos em uma sociedade pós-industrial. E nós temos de colaborar para a construção desta sociedade do amanhã".

Na visão de Silveira, em um pensamento similar aos seus pares da ESPM e do Instituto Mauá, o estudante que começa a ser formado dentro dessa nova proposta pedagógica estará preparado para enfrentar desafios e resolver problemas. "Serão capazes de ter soluções para questões críticas. Por meio das várias tecnologias modernas que estão disponíveis", afirma o professor da Universidade Mackenzie.

Estadão
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