Estudantes ouvem proposta, mas mantêm mobilização no Chile
Os estudantes chilenos, mobilizados desde maio na luta por uma educação pública gratuita e de melhor qualidade, aceitaram neste sábado ouvir uma nova proposta do governo, mas sem interromper a mobilização, em reunião de quatro horas com o presidente chileno, Sebastián Piñera.
Realizada a pedido do líder, a reunião foi "uma primeira instância para alinhar posições", disse na saída da conversa no Palácio de La Moneda (sede do Executivo) Camila Vallejo, porta-voz da Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) e líder emblemática das mobilizações.
A Confech "mantém sua mobilização", afirmou Camila. Ela declarou, no entanto, que sua organização receberá na segunda-feira a proposta do governo e deverá apresentar uma resposta até quarta-feira, depois de analisada pelas bases.
"O importante é que agora existe vontade de avançar, que deixaram claras suas posições e são nossos companheiros que tomarão uma decisão", disse.
Insistiu em que a disposição de ouvir "não significa que o movimento chegou ao fim" e garantiu que Piñera "nunca pediu que o depuséssemos", embora ressaltou "que estão atentos e na expectativa da proposta da segunda-feira".
"O presidente explicou sua posição e avaliamos o gesto, disse Rodrigo Rivera, porta-voz da Coordenadora Nacional de Estudantes do Ensino Médio (Cones), que assim como a outra entidade estudantil sua organização vai analisar a proposta.
Os estudantes reivindicam educação pública de qualidade e gratuita, com proibição de lucros ao Estado pelo ensino particular, ponto de maior divergência com o governo, que defende a legitimidade de obter lucros com a educação.
Para os estudantes de Ensino Médio, a solução está em devolver ao Estado a administração do ensino, que em 1981 foi entregue aos municípios pela ditadura de Augusto Pinochet. Até agora, o governo ofereceu aumento de bolsas de estudos universitárias e redução de juros no crédito educativo.