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Curitiba e Porto Alegre não têm registro de problemas no segundo dia do Enem

Estudantes chegam com antecedência e não enfrentam dificuldades para entrarem nas salas

24 jan 2021 - 16h12
(atualizado às 20h51)
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CURITIBA E PORTO ALEGRE - Os problemas registrados na última semana, durante o primeiro dia de provas do Enem, por causa do excesso de lotação nas salas de aula, fizeram com que os estudantes em Curitiba chegassem mais cedo aos locais de provas. Na PUC, onde alguns estudantes foram impedidos de entrar antes do horário oficial, não foram registrados problemas neste domingo, 24.

Segundo a técnica administrativa Elisabete Kujavski, 43 anos, o próprio filho, Allan Cristian, que deseja ser designer gráfico, fez questão de chegar quase uma hora e meia antes do horário. "O que aconteceu na semana passada impressionou e, dessa vez, chegamos bem cedo para ele garantir um lugar" comentou.

Para a estudante Sara Ladislau Macedo, 18 anos, a questão das salas foi uma preocupação a mais. "Infelizmente, além de nos preocuparmos com os estudos o ano inteiro, tivemos esse problema", avaliou Sara, que vai tentar uma vaga no curso de Psicologia.

Em Porto Alegre, o segundo dia de provas do Enem teve movimento bem menor do que no domingo anterior, quando foram aplicadas as primeiras provas. Também não houve registro de pessoas barradas por superlotação da sala, problema que foi registrado em pelo menos dois locais na capital gaúcha, na PUC-RS e na UniRitter.

Mesmo com os problemas de lotação das salas no primeiro dia de provas, o Inep, órgão responsável pela organização do Enem, não solicitou à PUC mais salas. A universidade é o local de Porto Alegre que concentra mais candidatos. Eram esperados, neste domingo, 6.781 candidatos, distribuídos em oito prédios, mesmo número do primeiro dia de prova.

Estudantes destacam cumprimento de protocolos sanitários

O segundo dia de provas do Enem em Curitiba ocorreu de forma tranquila. Na semana passada, centenas de estudantes foram barrados por causa do excesso de estudantes nas salas em que seriam aplicadas as provas - excederam os 50% de lotação -. Isso provocou também uma maior agilização dos estudantes que não quiseram correr o risco de ficarem de fora da prova. No Paraná, 233 mil estudantes realizaram as provas do Enem em 89 municípios.

Para a estudante Rebeca Oldoni, 18 anos, que vai tentar o curso de Direito, a prova foi tranquila e o local, na Faculdade Opet, também estava dentro dos protocolos de higiene.

"Foram muito cuidadosos, houve espaçamento entre as mesas e (disponibilizaram) álcool em gel", disse. Rafael Costa de Oliveira, 18 anos, também disse não ter encontrado problemas. "Alguns estudantes chegaram a faltar hoje, houve espaço e estava tudo dentro do normal", contou Rafael, que pretende estudar Ciência da Computação.

Os candidatos que não conseguiram realizar as provas da semana passada poderiam comparecer neste domingo, 24, ou realizar outra nos dias 23 e 24 de fevereiro. Ainda não há uma projeção do número de estudantes nessas condições.

O segundo dia de provas do Enem aconteceu de maneira muito mais tranquila do que no primeiro, em Porto Alegre. Diferente da prova do domingo anterior, não houve registro de estudantes barrados por superlotação das salas nos locais onde o exame foi aplicado. Da mesma forma, foram poucos os concorrentes que chegaram atrasados.

A falta de problemas foi favorecida pelo número reduzido de participantes. Na PUC-RS, local que concentra o maior número de participantes na capital gaúcha, o movimento era muito menor do que no primeiro dia de Enem. A edição realizada este ano teve um recorde de abstenções em todo país. Além disso, alguns dos barrados no primeiro dia preferiram não ir neste segundo dia de provas. Foi o caso de Helena Meira, 19 anos. Ela foi uma das dezenas de concorrentes que não pode realizar a prova em razão da ocupação da sala. "Alguns jornais falaram para comparecer no dia de hoje, porém não acho justo comigo fazer apenas um dia de prova já que estudei para fazer as duas aplicações."

Já quem conseguiu estar presente nos dois dias de provas não poupou críticas ao conteúdo e dificuldades de ensino ao longo de 2020. Foi o caso dos amigos Bianca Jaques, Gabriel Antunes e Xaiane Santos. O trio tem 18 anos e foram colegas no ensino médio em uma escola estadual do Rio Grande do Sul.

"Senti mais dificuldades hoje pelo ensino em EAD ao longo do ano, tivemos menos atenção e isso trouxe mais dificuldades", avaliou Bianca. Ela ainda revelou uma apreensão extra, o fato de precisar estar em uma sala com outras pessoas em meio a pandemia da covid-19. "A gente vê que o pessoal não está se cuidando, muitos foram pra praia, estão se aglomerando e vieram hoje". Na sala de Bianca, que pretende cursar psicologia, estavam presentes cerca de 17 pessoas. Apesar do receio, ela garante que as medidas de prevenção foram tomadas. "As janelas estavam abertas, ventiladores ligados e bem arejados. Além disso, os fiscais usavam sempre álcool em gel e quem precisava ir ao banheiro ia sozinho."

Além do ensino a distância ter cobrado o preço, especialmente dos estudantes de escolas públicas, a desorganização do INEP também trouxe surpresa. "Na minha sala tinham cerca de 10 pessoas, mas estavam inscritos 39, só que muitos não vieram ou não puderam entrar", conta Gabriel, que pretende entrar no curso de pedagogia. Ele, e as amigas, também sentiram falta de conteúdos estudados na escola na prova, especialmente em história. O relato era de poucas perguntas sobre história do Brasil e temas trabalhados no Ensino Médio.

Xaiane, que pretende cursar jornalismo, diz que o grande número de abstenções é uma esperança de que as médias sejam mais baixas, mas não algo que lhe traga alegria. "Tenho esperança que as notas de corte sejam mais baixas, mas é difícil lidar com isso porque a gente sabe porque tiveram tantas desistências", diz ela em referência ao medo de contágio da covid-19 e aos colegas que, em razão das aulas em EAD se sentiram pouco preparados e preferiram não fazer a prova.

Os três ainda precisarão lidar com a ansiedade dos resultados que devem demorar mais para serem divulgados. Isso porque o INEP aplicará a prova em fevereiro a quem não compareceu por estar com covid e também aos que foram barrados. "Não poderemos iniciar a faculdade no primeiro semestre, e isso gera mais ansiedade ainda", diz Bianca.

Incerteza

Enquanto milhões de pessoas conseguiram estar presentes nos dois dias de Enem, quem foi barrado enfrenta agora as dúvidas sobre o futuro. É o caso de Helena, que só terá a resposta se o pedido para fazer o exame em outra data será atendido. "Abri um chamado no atendimento do MEC e eles enviaram e-mail dizendo para registrar ocorrência no dia 25 a 27 na página do participante."

A orientação do INEP, órgão que organiza o Enem, é que a prova seja aplicada em fevereiro. A data já havia sido disponibilizada para quem atestadas estar com Covid-19. Entretanto, não há uma orientação clara sobre o procedimento que será adotado para quem foi barrado pela superlotação das salas. Helena diz estar preocupada e apreensiva com a decisão do Governo Federal, que pode jogar um ano de estudo fora. "Sou baixa renda, por isso minha apreensão. A prova é minha porta de entrada para a faculdade."

Caso seja impedida de fazer a prova em outra data, ela buscará essa possibilidade judicialmente. "(Estou) Apreensiva, mas preparada para entrar com ação judicial caso não consiga, pois gravei minha fala com a instrutora de sala". Na ocasião, a fiscal que atendeu Helena garantiu que ela poderia realizar o Enem em outra data, porém, não lhe deu qualquer comprovante de que sua falta no primeiro dia foi consequência do erro de logística do próprio INEP.

De acordo com a assessoria da PUC-RS, a instituição cedeu os prédios solicitados pelo INEP. Mais de seis mil pessoas foram encaminhadas para realizar o exame no local. Ainda segundo a universidade, os contatos com o INEP se restringiram ao mesmo telefone que os estudantes foram orientados a ligar para resolver sua situação.

Estadão
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