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'Me escolheram por não ser perfeita', diz participante de trainee da Nestlé

A advogada Ísis Rebouças conseguiu desbancar nada menos que 45 mil candidatos e ficou entre os pouco mais de 10 selecionados para participar do programa da multinacional

22 out 2020 - 13h01
(atualizado em 30/10/2020 às 18h27)
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Mesmo depois passar por estreitos funis para chegar à etapa presencial do programa de trainee da multinacional Nestlé, no fim do ano passado, a advogada Ísis Rebouças, de 25 anos, teve um momento de dúvida: "Quando cheguei para o café da manhã e comecei a falar com as pessoas que iam participar da dinâmica, todos tinham estudado em escolas de elite, feito intercâmbio e falavam inglês. E eu fiquei super nervosa."

Neste ponto, Ísis já havia deixado muita gente para trás. Segundo a gerente de talentos da Nestlé, Ana Schiavone, o processo seletivo de 2019, do qual a advogada participou, teve nada menos do que 45 mil inscritos. Desse total, 600 passaram para uma segunda fase de testes remotos e somente cerca de cem pessoas chegaram à fase presencial. A empresa seleciona entre 10 e 15 trainees por ano.

A trajetória de Ísis até a Nestlé incluiu a transposição de vários obstáculos. A advogada decidiu se inscrever em programas de trainee depois que, no penúltimo período da universidade, percebeu que não queria trabalhar como advogada. "Eu não queria a limitação que eu via na carreira no Direito, que parecia ter poucas opções: advogar ou estudar para um concurso para promotor ou juiz."

Ela decidiu, então, apostar as fichas nos programas de trainee. E foi uma corrida ladeira acima, porque, entre todos os processos em que Ísis se inscreveu, apenas no da Nestlé - justamente o último - ela avançou à segunda fase. "Eu me dediquei o triplo no que se refere a estudar a empresa, o que estava acontecendo no País e como isso afetava o negócio da Nestlé."

Segundo a executiva de RH da Nestlé, faz quatro anos que o processo reduziu exigências como conhecimento de idiomas e passou a desconsiderar a universidade onde o candidato estudou. Em 2019, o foco nas habilidades comportamentais foi ampliado. Tudo com a intenção de variar o perfil dos trainees. "Diversidade é super importante. Não conseguimos trazer soluções para o mercado como um todo só com gente de classe média alta na equipe", diz.

Nova fase

Se buscava mais variedade de experiência, foi exatamente o que Ísis encontrou ao "virar" trainee. Ela deixou Salvador, onde formou-se no Centro Universitário Ruy Barbosa, e se estabeleceu em São Paulo. Desde janeiro, já atuou em áreas como recursos humanos, comércio eletrônico e no centro de distribuição da Nestlé.

E o que fez a diferença, no fim das contas, para que Ísis fosse selecionada mesmo concorrendo com candidatos em teoria mais bem preparados? Foi exatamente o que ela perguntou ao ser selecionada. "E até me emocionei com a resposta, que foi: 'Você não tentou demonstrar que é perfeita'. Isso me deixou muito feliz porque mostra que o foco da empresa está no desenvolvimento, que ela vai te ajudar a ir atrás dos conhecimentos de que você precisa."

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Estadão
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