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Análise: É preciso focar mais competências do que conteúdo específico

'Há alguns anos, o aluno aprendia algumas ferramentas e dominava alguns conteúdos que iria sempre aplicar na profissão. Hoje, o engenheiro precisa ser mais flexível, ter atitude mais empreendedora'

13 jun 2018 - 03h04
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O mundo todo está mudando, tudo está muito mais rápido e conectado. O ensino precisa ser muito mais calcado nas competências que queremos desenvolver do que nos conteúdos específicos e habilidades técnicas que os alunos devem saber. Estamos em uma fase de amadurecer e pensar: quais são essas competências, como desenvolvê-las, como pensar o currículo nessa abordagem? Buscamos uma forma de qualificar o indivíduo para colocar os conhecimentos em prática. 

Programas de acreditação dos cursos de Engenharia nos Estados Unidos e na Europa têm procedimentos para observar quais abordagens estão sendo usadas para desenvolver as competências necessárias para fazer engenharia: analisar, comparar, identificar problemas, trabalhar em equipe. 

Há alguns anos, o aluno aprendia algumas ferramentas e dominava alguns conteúdos que iria sempre aplicar na profissão. Hoje, o engenheiro precisa ser mais flexível, ter atitude mais empreendedora, não esperar que digam o que deve ser feito e como fazer. Como os problemas são cada vez mais complexos, precisa saber trabalhar em equipe, muitas vezes com pessoas de áreas diferentes, para conseguir resolvê-los. O mundo contemporâneo exige mais flexibilidade. 

Há várias razões para o alto índice de desistência nas Engenharias, que é ainda maior na rede privada. A motivação é certamente o ponto mais crítico. O aluno que entra tem vontade de fazer algo de verdade, construir um prédio, um computador. Antigamente, ele só ia ver a parte prática após dois anos do curso. Hoje temos condições de criar situações em que ele possa exercitar projetos desde o começo, com a aprendizagem ativa. Para formar um bom engenheiro não é preciso só conhecimentos técnicos, mas uma série de competências. Fazer com que o aluno coloque a mão na massa e faça projetos de verdade é o diferencial. 

*É PROFESSORA ASSOCIADA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)

Estadão
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