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Eduardo Leite não terá recursos para promover 'mobilização nacional', diz tesoureiro do PSDB

Para César Gontijo, ex-governador do RS demonstrou 'delírio político' na entrevista ao Estadão; já o presidente do partido, Bruno Araújo, defendeu que 'tesoureiro não é porta-voz da instituição'

5 abr 2022 - 13h09
(atualizado às 20h52)
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O tesoureiro nacional do PSDB, César Gontijo, e o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, protagonizaram ontem um novo capítulo na crise interna tucana após a decisão do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite , de continuar na legenda e se apresentar como uma opção para a disputa pelo Palácio do Planalto - apesar de ter perdido as prévias partidária ano passado para João Doria.

Em entrevista ao Estadão publicada ontem, Leite disse que a convenção do PSDB, marcada para julho, será a "formalização" de um entendimento político que pode reverter a escolha de João Doria como pré-candidato do partido à Presidência, e sinalizou que conta com apoio financeiro da sigla para iniciar uma agenda paralela de articulações na chamada terceira via.

Aliado de Doria, o tesoureiro nacional da legenda, César Gontijo, reagiu e disse ontem que o ex-governador do Rio Grande do Sul não vai receber recursos partidários para qualquer tipo de despesa. "Como tesoureiro, eu administro recursos públicos e, por isso, dentro das regras do jogo. Leite não terá nenhuma verba do partido. Ele recebeu R$ 1,5 milhão nas prévias, mas perdeu", afirmou.

Ainda segundo o tesoureiro, as declarações de Leite na entrevista ao Estadão revelam uma postura de "delírio político" e "total desrespeito" à vontade do filiado na sua própria base. Nas prévias realizadas em novembro do ano passado, cerca de 44 mil filiados votaram. Doria obteve 53,99% dos votos, Leite teve 44,66% e Arthur Virgílio Neto ficou com 1,35%. "Eduardo Leite se submeteu às eleições prévias, mas não conseguiu aceitar o resultado da eleição no voto, em um descabido exercício de antidemocracia. Qualquer tentativa fora do que foi decidido nas eleições prévias do PSDB - que é uma decisão soberana - trata-se de um golpe", afirmou o tesoureiro.

Gontijo prosseguiu e afirmou que sua obrigação enquanto tesoureiro do PSDB é aplicar o dinheiro público "da forma correta e legal". "Jamais serei negligente no uso do recurso que foi gasto nas prévias eleitorais. Temos que prestar conta sobre cada centavo e não há nenhuma chance, digo nenhuma, do partido ter bancado todo o processo de prévias e simplesmente desprezar esse investimento por vaidade, capricho político ou interesses inconfessáveis de quem não aceita a derrota". As prévias custaram R$ 10,8 milhões, e cada postulante recebeu R$ 1,5 milhão para a campanha.

'Improdutiva'

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, que também é coordenador da pré-campanha de Doria, porém, desautorizou a fala do correligionário. Disse que o tesoureiro não responde pelo partido e classificou a discussão como "improdutiva". "César Gontijo é um importante quadro do PSDB e meu amigo. Tem relevante papel na máquina partidária em funções administrativas e até políticas. Mas o tesoureiro não é porta-voz da instituição", afirmou.

Ainda segundo Araújo, nem Leite nem Arthur Virgílio, outro concorrente derrotado nas prévias de novembro passado, demandaram recursos fora dos escopo da disputa interna. Já o ex-governador João Doria, segundo o presidente da legenda, tem recursos garantidos como pré-candidato vencedor das prévias.

Fora do governo desde a última quinta-feira, quando se desincompatibilizou para concorrer às eleições de outubro, Doria está despachando agora em um comitê de pré-campanha na Avenida Brasil, na capital paulista, e mantém uma estrutura de assessoria e marketing. O pré-candidato pretende começar pela Bahia uma série de viagens pelo País, a partir da semana que vem.

O PSDB vai pagar os custos da pré-campanha, mas o valor repassado para São Paulo ainda não foi revelado. Segundo aliados de Leite, o diretório do partido no Rio Grande do Sul pode receber e repassar ao ex-governador doações de pessoas físicas, que não entram no radar do diretório nacional.

Estadão
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