Diretores da PF serão ouvidos na CPI do Crime Organizado na próxima terça
Esta sessão marca o começo formal dos trabalhos de investigação do colegiado, que tem como foco principal a análise da expansão territorial, do poderio econômico e da capacidade operacional das facções criminosas no país
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado agendou para a próxima terça-feira (18) a oitiva de autoridades da Polícia Federal (PF). A agenda prevê o comparecimento do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e do diretor de Inteligência Policial da PF, Leandro Almada da Costa. A solicitação para a presença dos dois diretores atende a requerimento de convite formalizado pelo relator da CPI, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Esta sessão marca o começo formal dos trabalhos de investigação do colegiado, que tem como foco principal a análise da expansão territorial, do poderio econômico e da capacidade operacional das facções criminosas no país. A CPI foi estabelecida no dia 4 de novembro, sob a presidência do senador Fabiano Contarato (PT-ES), e é composta por um total de 11 senadores titulares e sete suplentes. O prazo estabelecido para a conclusão dos trabalhos da Comissão é de 120 dias.
Durante o encontro, espera-se que os senadores direcionem questionamentos aos diretores da PF sobre as ações de cooperação desenvolvidas pela corporação em conjunto com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. Em pauta estará a recente operação policial de grande escala realizada no final de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em um total de 121 mortes registradas.
O relator, senador Alessandro Vieira, defende que a participação da alta direção da Polícia Federal é um elemento crucial. O objetivo é que a CPI obtenha um diagnóstico atualizado sobre a capacidade das organizações criminosas, o nível de infiltração dessas estruturas nos estados e a dimensão do impacto gerado pelas redes de lavagem de dinheiro que financiam atividades de milícias, facções e esquemas com atuação transnacional.
Os trabalhos da Comissão prosseguirão na quarta-feira (19). Nesta data, o colegiado ouvirá Antônio Glautter de Azevedo Morais, diretor de Inteligência Penal da Secretaria Nacional de Políticas Penais, vinculada ao Ministério da Justiça. Na mesma sessão, está prevista a participação do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que integra o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e é conhecido por conduzir investigações sobre o PCC (Primeiro Comando da Capital) desde o início da década de 2000.
O material e os depoimentos coletados durante a CPI serão utilizados como base de apoio e subsídio para o acompanhamento do Projeto de Lei Antifacção. O projeto, cujo relator é o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), já passou por quatro reformulações de texto, mas a proposta ainda não alcançou consenso entre parlamentares do governo e da oposição.
Outro foco da CPI é a obtenção de informações detalhadas sobre a cooperação entre diferentes forças de segurança pública. Um exemplo de atuação conjunta a ser analisado é a Operação Carbono Oculto, da PF, que envolveu também a Receita Federal e o Ministério Público do Estado de São Paulo no combate a um grupo criminoso que utilizava fintechs e postos de gasolina como ferramentas para a prática de lavagem de dinheiro.
O objetivo final da CPI é investigar a atuação, a expansão e o modus operandi das organizações criminosas, com ênfase em facções e milícias, de forma a compreender as condições de seu desenvolvimento em cada região e suas estruturas internas de tomada de decisão. A partir dessa análise, os senadores buscam identificar e propor soluções para o seu combate, com foco no aperfeiçoamento da legislação vigente.