PUBLICIDADE

DINO

Por que a economia circular é vantajosa para as empresas?

28 fev 2019 - 17h46
Compartilhar
Exibir comentários

Em novembro de 2018, a Autoridade Garantidora da Concorrência e do Mercado da Itália (AGCM, na sigla em italiano) impôs multas de cinco e dez milhões de euros, respectivamente, às duas maiores companhias produtoras de smartphones no mundo. O motivo: as gigantes estariam forçando os clientes a realizarem atualizações de software que deixam os celulares mais lentos - a AGCM chama a ação de "prática comercial desleal".

Foto: DINO / DINO

Em entrevista ao jornal espanhol El País, Benito Muros, presidente da Fundação Energia e Inovação Sustentável Sem Obsolescência Programada (Feniss) afirma que a prática é comum. "No momento, absolutamente todos os fabricantes de telefones celulares adotam essa prática. Quando o celular fica mais lento, o usuário já começa a pensar que é normal", disse. "Se a obsolescência programada não existisse, um telefone celular teria uma vida útil de 12 anos a 15 anos", completou. Hoje, a vida útil média de um smartphone é de dois anos.

A obsolescência programada não está apenas na indústria dos aparelhos celulares. O boom da indústria e do consumo a partir da década de 1950 iniciou uma estratégia global de produção em ritmo acelerado na qual novas tecnologias rapidamente suplantam as anteriores.

O documentário espanhol Comprar, Tirar, Comprar, de 2010 (The Light Bulb Conspiracy - A Conspiração da Lâmpada Elétrica, em uma tradução livre) denunciou um destes casos. O filme dirigido por Cosima Dannoritzer demonstrou que uma empresa que produz impressoras programou o equipamento para bloquear as impressões a partir de determinado tempo de vida útil da máquina. A mensagem que aparece ao consumidor é de que a impressora está definitivamente quebrada, mas Dannoritzer mostra que basta reprogramá-la que seu funcionamento volta ao normal.

O problema é que esta lógica econômica de vender mais a qualquer custo resulta em mais resíduos e mais acentuada exploração de insumos naturais. Além de não, necessariamente, garantir bons resultados econômicos no médio e longo prazos.

O desgaste da relação do ser humano com o meio-ambiente cresceu substancialmente da metade do século 20 até aqui. Nesse sentido, o conceito de economia circular foi desenhado exatamente para substituir a linearidade do sistema atual, que "produz, consome e descarta". Na economia circular, a lógica é outra - e ainda garante ótimos resultados econômicos.

ECONOMIA CIRCULAR VS. PROBLEMAS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS

O conceito de economia circular começou a ser cunhado no meio acadêmico europeu durante a década de 1970, mas nos últimos 15 anos se tornou mais presente na indústria e mercado - sobretudo, depois do agravamento dos problemas ambientais para o planeta.

Em artigo para a revista científica Nature, o arquiteto Walter R. Stahel define que uma economia circular deve transformar bens que estão no fim de sua vida útil em recursos para novos produtos, fechando os círculos em ecossistemas industriais e minimizando o desperdício. "Isso mudaria a lógica econômica porque substitui a produção pela suficiência: reutilize o que você puder, recicle o que não pode ser reutilizado, conserte o que está quebrado e "refabrique" o que não pode ser consertado", define.

Para ele, os modelos de negócio de economia circular se dividem em dois grupos: o que promove a reutilização e estende a vida útil por meio de reparos, remanufatura, atualizações e retrofits; e o que que transforma bens antigos em recursos novos, reciclando os materiais.

Um estudo realizado pelo think tank europeu Clube de Roma que envolveu sete nações da Europa afirma que fazer a transição de uma economia linear para um modelo circular resultaria em benefícios econômicos, sociais e ambientais. O relatório propõe três grandes matrizes estratégicas para a implementação de uma economia circular real: energia renovável, eficiência energética e eficiência material. A conclusão é de que, adotadas medidas neste sentido, o conjunto dos países pesquisados poderia reduzir suas emissões de carbono em cerca de 70%, aumentar o PIB em 1,5% e gerar quase 800 mil novos empregos.

"Pode não haver motivação econômica imediata para empresas, mas já não se trata de uma tendência, é senso comum: este é o único caminho para sustentar indústria no futuro", afirma a designer Carla Tennebaum, cofundadora do projeto Ideia Circular, uma iniciativa de educação e comunicação sobre o assunto. "Alguns insumos da indústria, hoje, estão se esgotando. Começar a trabalhar a transição agora é se adaptar aos problemas econômicos do futuro", completa.

Para Ademar Ribeiro Romeiro, professor de economia agrícola e ambiental da Unicamp, há uma missão urgente que a economia circular se propõe a resolver: aumentar a ecoeficiência nos processos produtivos e, assim, produzir mais com menos recursos materiais e energéticos - e gerando menos resíduos.

"Para as empresas, há uma ótima razão para aderir a isso: a razão econômica. Ser mais ecoeficiente economiza insumos, energia e matéria-prima - e a marca e seus produtos se tornam ambientalmente atraentes", afirma. "Além da racionalidade econômica, há uma segunda motivação, que é a consciência ecológica. Empresas que não assumem algumas responsabilidades ficam sujeitas às sanções normativas determinadas por lei e também às sanções do mercado", justifica.

SUCESSO DEPENDE DE ENGAJAR A SOCIEDADE

Ademar Ribeiro Romeiro entende que a economia circular pode avançar em três etapas: o engajamento econômico, a normatização em leis e a consciência ambiental da sociedade. As empresas devem liderar este movimento devido ao potencial de ganho econômico a longo prazo e os Estados nacionais e grandes acordos internacionais já vêm, há algum tempo, trabalhando em estratégias para tornar a economia global mais sustentável. Além disso, o cidadão/consumidor também faz muito parte deste processo.

"Em última instância, mercado e opinião pública fazem mais diferença. Nem toda inovação ecoeficiente é econômica no início, o resultado pode levar anos", analisa. "Os casos de logística reversa das empresas produtoras de smartphones são um exemplo: sai mais caro reutilizar os materiais do que produzir do zero, mas a sociedade exige esse tipo de ação".

Leia mais em: http://bluevisionbraskem.com/inteligencia/por-que-economia-circular-e-vantajosa-para-empresas

Website: http://bluevisionbraskem.com/inteligencia/por-que-economia-circular-e-vantajosa-para-empresas

DINO Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade