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Dinamarca diz que interesse de Trump na Groenlândia é "absurdo"

19 ago 2019 - 10h44
(atualizado às 11h50)
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Primeira-ministra dinamarquesa ressalta que território autônomo não está à venda, após presidente dos EUA confirmar a ideia de comprar a ilha. Republicano diz que negócio seria "estrategicamente interessante".A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou nesta segunda-feira (19/08) que a Groenlândia não está à venda e que é "absurda" a discussão provocada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que manifestou interesse em comprar o território autônomo da Dinamarca.

"A Groenlândia não está à venda. A Groenlândia não é dinamarquesa, é groenlandesa. Espero, de verdade, que não tenha sido algo dito com seriedade", disse Frederiksen, durante visita à Groenlândia, em declarações divulgadas pela televisão pública dinamarquesa DR.

Trump confirmou no domingo os rumores surgidos dois dias antes sobre os planos para adquirir a ilha, admitindo que "surgiu a ideia" e que considerou ser ela "estrategicamente interessante", mas esclareceu que não é algo que seja prioridade de sua administração.

"É uma discussão absurda e Kim Kielsen (premiê groenlandês) deixou claro que não está à venda. E aí termina a discussão. Por outro lado, há muitas outras coisas sobre as quais queremos falar com um presidente americano", afirmou Frederiksen.

Frederiksen, que assumiu o cargo em 27 de junho, faz visita de dois dias à Groenlândia antes de viajar a Islândia para participar de um encontro com primeiros-ministros dos países nórdicos.

"Ainda bem que a época em que você comprava e vendia outros países e populações acabou. Vamos deixar isso no passado. Brincadeiras à parte, claro que adoraremos ter uma relação estratégica ainda mais próxima com os Estados Unidos", ressaltou Frederiksen.

No domingo, Frederiksen disse que o Ártico "está se tornando cada vez mais importante para toda a comunidade mundial".

Nunca foi encontrado petróleo nas águas da Groenlândia, e 80% da ilha são cobertos por uma capa de gelo de até três quilômetros de espessura, fazendo com que a exploração só seja possível nas regiões costeiras.

Mesmo nesses locais, as condições são longe do ideal devido ao inverno prolongado, com portos congelados, escuridão de 24 horas e temperaturas que vão regularmente a menos 30°C nas partes mais ao norte.

Trump deve visitar a Dinamarca entre 2 e 3 de setembro, segundo confirmou há semanas a Casa Real dinamarquesa e o escritório da primeira-ministra, mas as palavras do presidente americano sobre "considerar" viajar para o país nórdico porque "não é seguro" geraram dúvidas.

"Partimos do princípio de que haverá uma visita do presidente americano e estamos em andamento com os preparativos. Espero com esperança a visita, os Estados Unidos são nosso principal aliado em questões de segurança", respondeu Frederiksen.

Veículos de imprensa locais revelaram na quinta-feira que Trump pediu aos seus assessores na Casa Branca que investigassem se era possível comprar a Groenlândia, assunto que mencionou diversas vezes nas últimas semanas durante reuniões e jantares.

"Não quero prever um resultado, só digo que o presidente, que sabe uma ou duas coisas sobre adquirir bens imobiliários, quer dar uma olhada na Groenlândia", disse ontem o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, consultado pela emissora Fox News.

Os planos de Trump com a Groenlândia geraram na sexta-feira passada várias reações da classe política dinamarquesa. Alguns apontaram que tratava-se de uma piada, outros acusaram Trump de colonialismo e houve quem inclusive duvidasse do estado de saúde mental do presidente. Mas o governo da Dinamarca ainda não tinha se pronunciado oficialmente.

O executivo da Groenlândia, já havia dito na sexta-feira que o território não está à venda. Na véspera, uma reportagem do Wall Street Journal informara que Trump manifestara várias vezes a ideia para assessores e até mesmo pedira a um advogado da Casa Branca para explorar a possibilidade de adquirir a ilha de dois milhões de quilômetros quadrados coberta de gelo e 56 mil habitantes, a maioria inuits.

A rede CNN confirmou a história com fontes da Casa Branca, acrescentando que os assessores do presidente ficaram divididos sobre como reagir. Alguns encararam a ideia seriamente, e outros acharam que era uma bravata passageira do presidente. Nenhuma oferta oficial chegou a ser formalizada.

A Groenlândia possui desde 1979 um estatuto de autonomia, ampliado 30 anos depois - com o apoio em massa em referendo consultivo dos groenlandeses - até incluir todas as competências, salvo defesa, política externa e monetária, entre outras; além do direito de autodeterminação.

Os Estados Unidos, que possuem uma base militar no norte da ilha, já tentaram no passado comprar a Groenlândia, a última vez em 1946, quando Harry Truman era presidente.

MD/efe/ap

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