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Coronavírus

Vacinação de adolescentes contra covid: EUA, Israel e países da Europa aplicam doses

Itália, Portugal e França liberam doses para todos que têm 12 anos ou mais; maioria das nações usa Pfizer. Ministério da Saúde brasileiro orientou a não aplicação de imunizante para jovens sem comorbidade

17 set 2021 - 12h59
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Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e especialistas recomendem a vacinação de todos os adolescentes entre 12 e 17 anos, o Ministério da Saúde decidiu nesta semana desaconselhar a aplicação para os jovens dessa faixa etária sem comorbidade. Nos Estados Unidos, Israel e grande parte dos países da Europa e da América do Sul, a imunização desse grupo contra a covid-19 já tem sido realizada. Segundo médicos e cientistas, a proteção é importante para evitar casos graves entre os próprios adolescentes e também reduzir riscos para outros grupos.

A maioria usa o imunizante da Pfizer, o único autorizado no Brasil para adolescentes de 12 a 17 anos. Há casos, como Argentina e Canadá, que usam a vacina da Moderna e, com menos frequência, a Coronavac - caso do Chile. O Instituto Butantan chegou a pedir a liberação da vacina para crianças e adolescentes no Brasil, mas a Anvisa negou, sob o argumento de que faltavam mais evidências científicas para essa faixa etária.

Nos Estados Unidos, a recomendação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) é que todos com 12 anos ou mais possam tomar vacina. Autoridades de saúde americanas já sinalizaram que podem autorizar a imunização para crianças de 5 a 11 anos até o fim de outubro, quando houver evidências científicas suficientes.

No Canadá, as vacinas estão autorizadas para pessoas acima de 12 anos sem comorbidades. O país ainda não prevê data para disponibilizar a vacinação para crianças. Israel recomenda que todos a partir de 12 anos se vacinem contra a covid, e já aprovou doses para crianças a partir de 5 anos com condições graves de saúde.

Governos como os da Itália, Portugal, França, Noruega, Holanda e Suíça oferecem imunizantes para todos que têm 12 anos ou mais, com ou sem comorbidades (como diabete, câncer, deficiência física, entre outros). Outros europeus, como a Suécia, liberaram a injeção para jovens a partir de 16 anos.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou o Reino Unido como exemplo de governo que suspendeu a vacinação de adolescentes saudáveis. No entanto, o site do NHS, o serviço de saúde britânico, informa que os jovens de 16 e 17 anos já podem ser vacinados contra a covid-19 independentemente de sua condição de saúde. Os adolescentes de 12 a 15 anos serão vacinados em breve nas escolas - nesta faixa etária, por enquanto, a aplicação está restrita a jovens com comorbidades.

Queiroga reconheceu influência de Bolsonaro em decisão

Outra alegação do governo federal é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) teria contraindicado a imunização de adolescentes. A entidade, no entanto, apenas recomendou que seja priorizada a vacinação de todas as pessoas dos grupos de maior risco para a doença, como idosos e profissionais de saúde. No fim do dia, Queiroga admitiu que a ordem para reavaliar a recomendação de vacina para adolescentes partiu do presidente Jair Bolsonaro.

A Anvisa informou que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos, em São Paulo, que morreu após tomar a vacina da Pfizer. A agência reguladora, porém, destacou que ainda não há evidências científicas para estabelecer uma conexão entre o óbito e o imunizante ou suspender a aplicação de doses.

Maior parte da América do Sul vacina adolescentes

Nos países que fazem fronteira com o Brasil, apenas Venezuela, Bolívia e Guiana não vacinam adolescentes. Na América do Sul, a vacinação para essa faixa etária está disponível na maioria dos países. Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, Paraguai e Suriname aplicam doses em pessoas acima de 12 anos. Alguns governos já ampliaram o calendário e oferecem a vacina universalmente para esse grupo, enquanto outros imunizam somente jovens com comorbidades.

O Chile já vacina crianças a partir de 6 anos que tenham comorbidades, bem como jovens acima de 14 anos sem comorbidades. O país planeja ampliar a vacinação para pessoas acima de 12 anos na próxima segunda-feira, 20. A partir de 27 de setembro, o cronograma passa a incluir todas as crianças com mais de 6 anos.

A China aprovou a Coronavac para crianças a partir de 3 anos de idade. O país asiático já vacinou mais de 91% da população acima de 12 anos contra o coronavírus. A Índia, que entrou em colapso sanitário no primeiro semestre após a identificação da variante Delta, mais transmissível, sinalizou que pode disponibilizar vacinas para adolescentes a partir de outubro, mas só pretende imunizar amplamente essa faixa etária depois que concluir a vacinação em adultos.

Estadão
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