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Coronavírus

Pazuello tinha 20 militares o assessorando diretamente na Saúde

Gestão da pasta foi militarizada no período em que general ocupou o cargo de ministro, enquanto técnicos deixaram o governo ou foram isolados

19 abr 2021 - 13h01
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BRASÍLIA - O Ministério da Saúde se militarizou sob o comando de Eduardo Pazuello. Pelo menos 20 militares da ativa e da reserva assumiram cargos na pasta, enquanto técnicos com experiência em crises sanitárias deixaram o governo ou foram isolados. O Centro de Operações de Emergências (COE) sobre a covid-19, montado para ser o coração das ações, foi esvaziado. O órgão passou das mãos de técnicos ao comando de militares.

Número 2 da gestão Pazuello, o coronel da reserva Elcio Franco era apontado como o motor da pasta e liderava reuniões com gestores do SUS, empresas e autoridades do governo. Coube ainda a Franco comprar brigas políticas com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em dezembro, quando o tucano prometeu começar a vacinar até 25 de janeiro, Franco divulgou vídeo dizendo que Doria não deveria "brincar" com a "esperança de brasileiros". A primeira dose da Coronavac foi aplicada no Brasil em 17 de janeiro, antes do previsto.

Depois de Elcio, o tenente-coronel da reserva do Exército Jorge Luiz Kormann seguia a linha de sucessão da pasta. Nas redes sociais, Kormann fazia coro às críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS). O coronel da ativa Franco Duarte ocupou a secretaria responsável pela habilitação de leitos e apoio aos serviços de atendimento. Durante a falta de medicamentos usados na intubação de pacientes, em 2020, sugeriu que secretários locais comprassem produtos superfaturados e, depois, levassem o caso ao MP.

O general da reserva Ridauto Ribeiro cuidava do abastecimento de oxigênio ao Amazonas. Defendeu "intervenção federal" e "Estado de Defesa ou de Sítio" na pandemia, além de minimizar os alertas sobre a falta de oxigênio. "Não temos bola de cristal", disse ele, em janeiro.

Médicos defensores de tratamentos ineficazes ganharam força na gestão Pazuello, como os secretários Helio Angotti e Mayra Pinheiro. Ela promoveu visitas a unidades de atendimento em Manaus (AM) para pressionar pelo uso da cloroquina. Estes secretários não eram os mais próximos de Pazuello. O próprio presidente Jair Bolsonaro os bancava nos cargos.

Estadão
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