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Coronavírus

Parabéns, infectologistas

Para nós, infectologistas, o maior presente seria ver toda a população vacinada

12 abr 2021 - 05h10
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Há mais de um ano, por contingência da covid-19, nossa população ficou mais familiarizada com a especialidade médica chamada Infectologia. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) foi criada em 1980, pelo saudoso professor Ricardo Veronesi, para atender a demanda das doenças infecciosas e para não sermos apenas berço da medicina tropical, mas ampliarmos nossos horizontes.

Na década de 1980, vale lembrar, começamos a enfrentar a epidemia da Aids nos Estados Unidos, que avançou para todos os países. A infectologia foi e é, até hoje, a especialidade médica que se dedica a atender esses pacientes. Aliás, importante lembrar: o coronavírus já matou mais que a Aids no País. Esta, inclusive, já é vista como doença crônica do nosso meio, com tratamento seguro, baixos efeitos colaterais e enorme qualidade de vida. A ajuda dos pesquisadores em infectologia foi fundamental no avanço do combate a essa doença.

Fiz todo este preâmbulo para lembrar que ontem, dia 11 de abril, comemoramos o Dia do Infectologista. Dia do nascimento do dr. Emílio Ribas, médico sanitarista focado no combate às doenças infecciosas. A data foi criada em congresso nacional em 2005 e, desde então, a comemoramos com muito orgulho. Especialidade das mais amplas no campo clínico e que serve de apoio a várias outras. Além de estarmos no enfrentamento da covid-19, na linha de frente junto a tantas outras especialidades médicas, cooperamos na assistência hospitalar e na orientação do racionamento de antibióticos a fim de evitar resistência das bactérias.

Lutamos diuturnamente para explicar aos médicos de outras áreas o porquê de suspender mais precocemente o antibiótico ou a troca por outro esquema que possa ser mais efetivo.

Esta é uma das facetas do infectologista. Outra reside na orientação de imunização à comunidade. Com o advento da covid-19 notamos a população mais formada e preocupada em receber não só a vacina da covid-19 como todas as demais baseadas sobretudo na idade dos pacientes. A preocupação com influenza, hepatite B, os reforços vacinais, HPV e por aí vai.

A presença do infectologista fica marcada neste tópico. Quando sairmos desta crise sanitária e voltarmos ao novo normal, as viagens internacionais retornarão e, novamente, a especialidade poderá ser consultada. Avaliação e orientação para diversos locais são necessárias. Febre amarela, dengue, zika e assim vai.

A formação do infectologista tem de ser grande. Temos verdadeiros celeiros de formação em nossa área. A residência médica tem programas em todas as regiões do Brasil. Em quantidade de residentes formados a região Sudeste, em especial São Paulo, tem as maiores quantidades de vagas e hospitais credenciados. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, formou até hoje o maior contingente e espalhou por todas as partes estes médicos para ensinamento e assistência. São verdadeiros heróis e têm se mostrado assim na pandemia da covid.

Aprendendo à beira do leito as nuances da covid, assim como médicos já experientes. Nós, infectologistas, não seríamos nada sem o apoio das especialidades coirmãs (medicina tropical, hepatologia, pneumologia entre outras). O trabalho conjunto agrega valor e traz o bem-estar dos pacientes. O infectologista está cansado. Está lutando. Enxugando gelo algumas vezes. Mas nunca nos deixamos abater.

Por tudo isso quero dar os parabéns a todos os infectologistas do Brasil. O maior presente para nós será chegarmos em algum momento com a população vacinada, diminuição acelerada do número de casos e zerarmos, ou nos aproximarmos disso, o número de óbitos. Vamos seguir. Dedicação total.

*COORDENADOR CIENTÍFICO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA E MÉDICO DO INSTITUTO EMÍLIO RIBAS

Estadão
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