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Coronavírus

Com divulgação de vídeo da reunião, Bolsa fecha com queda de 1%; dólar fica a R$ 5,57

Gravação apontada como prova de Moro na acusação de intervenção de Bolsonaro na PF, saiu apenas às 17h desta sexta, mas deixou os investidores tensos durante todo o pregão

22 mai 2020 - 09h13
(atualizado às 18h37)
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O mercado teve um dia de tensão nesta sexta-feira, 22, à espera da divulgação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, da reunião ministerial de 22 de abril. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou com queda de 1,03%, aos 82.173,21 pontos. O dólar, que também é influenciado pelo cenário político do País, voltou a cair no final da tarde e fechou com queda de 0,04%, a R$ 5,5797.

A decisão de Celso de Mello, que saiu às 17h desta sexta, quando o mercado já estava fechado, deixou os investidores em estado de alerta durante toda a sessão. O vídeo é uma das provas mencionadas por Sergio Moro, na acusação de que Jair Bolsonaro estaria tentando intervir na Polícia Federal. Além da reunião, também desestabilizou o mercado, um pedido de apreensão feito por partidos e parlamentares dos celulares de Bolsonaro e seu filho, Carlos. Como motivo, o grupo apresentou três notícias-crime que sustentam as acusações de interferência na organização.

Com o cenário político tenso, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, perdeu os 83 mil pontos conquistados no fechamento do pregão da última quinta-feira, 21, quando foi na contramão dos mercados do exterior. Na mínima do dia, a Bolsa cedia aos 81.668,80 pontos. Apesar das perdas do pregão desta sexta, a B3 acumulou ganho de 5,95% na semana, 2,07% no mês e cede 28,94% no ano. O giro da sessão finalizou em R$ 21,3 bilhões.

Entre os maiores ganhos do pregão, estão Eletrobrás ON, com 7,67% e Eletrobrás PNB, com 5,14%. Já entre as maiores baixas, estão Hering, com 9,09% e Lojas Renner, com 8,34%.

Câmbio

Apesar das instabilidades com o cenário político, o dólar abriu em baixa de 0,17%, a R$ 5,5721 nesta sexta - e se manteve em queda durante boa parte da sessão. Na mínima do dia, a moeda era cotada a R$ 5,5501, um recuo de 0,57%. Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado perto da acima de R$ 5,80. Já o dólar junho fechou com queda de 0,29%, a R$ 5,5405.

Deu mais estabilidade à moeda, a declaração do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, de que o BC está "muito bem preparado" para corrigir distorções no mercado de câmbio, principalmente pelo nível das reservas internacionais

Com resultados de hoje, o dólar acumula queda de 4,44% na semana - a maior desde a semana de 30 de setembro de 2018, quando teve baixa de 4,81%. No ano, a valorização chega perto de 40%.

Mercados internacionais

O mercado internacional seguiu tenso nesta sexta, a nova escalada da tensão entre Estados Unidos e China. Após ameaçar o país asiático com novas restrições, Washington acompanhou hoje, que Pequim pretende impor uma lei de segurança nacional em Hong Kong, efetivamente reduzindo a autonomia do território.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, condenou a ação e disse que ela representa uma "sentença de morte" para as liberdades da cidade. Já Donald Trump disse que pode responder "fortemente" à medida. A União Europeia também informou que seguirá monitorando a situação e pediu respeito à autonomia de Hong Kong.

Longe da tensão EUA-China, no Japão, o banco central local (BoJ) anunciou um novo programa de financiamento para bancos, estimado 30 trilhões de ienes (US$ 279 bilhões), para incentivá-los a ampliar empréstimos a companhias afetadas pelo coronavírus. Já o BC da Índia (RBI) cortou juros, também em reação à covid-19.

Notícias positivas também animaram os mercados da Europa. O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou que pode fazer mudanças no programa de compra de ativos e a Universidade de Oxford, no Reino Unido, anunciou que as pesquisas em torno de uma possível vacina contra o coronavírus seguirão para as próximas fases, após ter concluído a primeira etapa, iniciada em abril. Impulsionado pelo noticiário, o índice Stoxx 600 encerrou com baixa marginal de 0,03%.

Petróleo

A commodity teve um dia negativo nesta sexta, após a China, uma das maiores consumidores de petróleo do mundo, anunciar que não vai traçar uma meta para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A medida aumentou ainda mais os temores frente aos impactos do novo coronavírus na economia e colocou em cheque a eficácia do plano de retomada econômica do país asiático.

Com isso, o WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em queda de 1,98%, com ganho semanal de 12,6%. Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, recuou 2,58%, a US$ 35,13 o barril, com alta semanal de 8,10%. As tensões EUA-China também ajudaram a desestabilizar o mercado do petróleo nesta sexta.

Bolsas do exterior

O aumento da tensão entre Estados Unidos e China derrubou os mercados da Ásia. O Hang Seng de Hong Kong liderou as perdas na região, com um tombo de 5,56%. Entre os chineses, o Xangai Composto encerrou com queda de 1,89% e o menos abrangente Shenzhen Composto se desvalorizou 2,02%. O japonês Nikkei caiu 0,80% em Tóquio, o sul-coreano Kospi recuou 1,41% em Seul e o Taiex registrou baixa de 1,79% em Taiwan. Na Oceania, a Bolsa australiana seguiu o tom negativo da Ásia, e o S&P/ASX 200 caiu 0,96% em Sydney.

Já as Bolsas de Nova York conseguiram contornar o embate entre as maiores potências atuais e quase fecharam em alta generalizada. O Nasdaq subiu 0,43% e o S&P 500 avançou 0,24%. O Dow Jones fechou com queda de 0,04%, após começar a subir nos minutos finais do pregão.

Na Europa, com o conturbado cenário político mundial, as Bolsas fecharam sem sentido único. O FTSE 100 de Londres encerrou em queda de 0,37% e em Paris, o CAC 40 recuou 0,02%. Já em Frankfurt, o DAX subiu 0,07%. O FTSE MIB de Milão, o Ibex 35 de Madri e o PSI 20 de Lisboa ganharam 1,34%, 0,17% e 0,62%, respectivamente./SÉRGIO CALDAS, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, LUÍS EDUARDO LEAL, ANDRÉ MARINHO, GABRIEL BUENO DA COSTA E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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