PUBLICIDADE

Coronavírus

CPI da Covid inclui Pazuello, Queiroga e outras 12 pessoas em lista de investigados

Em um gesto de protesto contra o depoimento de dois médicos que defendem o chamado "tratamento precoce" contra a covid-19, senadores esvaziaram a sessão desta sexta-feira, 18

18 jun 2021 - 12h02
(atualizado às 12h33)
Compartilhar
Exibir comentários

Brasília - Em um gesto de protesto contra o depoimento de médicos que defendem o chamado "tratamento precoce" contra a covid-19, senadores de oposição ou independentes na CPI da Covid esvaziaram a sessão desta sexta-feira, 18. Enquanto governistas ouviam o infectologista Ricardo Zimerman, um dos nomes apontados como integrante do "gabinete paralelo" que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro na pandemia, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciava em entrevista a jornalista uma lista de 14 investigados pela CPI, incluindo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

A decisão do relator foi criticada por governistas. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) discutiu com Renan lamentando a postura. "Eu não tenho que perguntar", disse o relator. "Não tem o que não lhe interessa", rebateu o parlamentar.

Do chamado G-7, apenas o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ficou na sessão. Ele discutiu com o infectologista Ricardo Zimerman sobre as mortes por coronavírus no Amazonas, Estado do parlamentar. O médico criticou o lockdown ao afirmar que o vírus contaminava pessoas aglomeradas em casa. Omar Aziz reagiu com ironia e disse que o governo usou pessoas do Estado como "cobaia", ao fazer referência aos tratamentos com cloroquina.

Do lado de fora da sessão, Renan anunciou ter classificado oficialmente 14 pessoas como investigadas pela comissão. A maioria delas é ligada a Bolsonaro, o que representa uma derrota para o governo na CPI e expõe a articulação para enquadrar e responsabilizar o chefe do Planalto pelo descontrole da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Na prática, passar da condição de testemunha para investigado permite que Queiroga e os demais tenham acessos aos documentos da CPI, além de sinalizar que a comissão já levantou provas e indícios para responsabilizar a atuação dessas pessoas na pandemia. Por outro lado, em um possível novo depoimento, um investigado pode optar por não falar no colegiado.

A CPI recebeu documentos do Itamaraty mostrando que Queiroga se comunicou com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e defendeu em abril o tratamento precoce. O depoimento de Queiroga na CPI foi classificado pelo relator como "pífio", inclusive com declarações mentirosas ao ter negado que defendia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada e dito que possui autonomia do presidente Jair Bolsonaro na pasta.

O relator também afirmou que Queiroga levou um "puxão de orelha" da OMS ao ter cobrado agilidade no envio de vacinas ao Brasil após, no ano passado, ter atrasado os pedidos do imunizante e optado por comprar vacinas apenas para 10% da população do Brasil no consórcio Covax Facility, quando era permitido a opção pela compra de imunizantes para atender 20% ou até 50% da população brasileira. Integrantes do gabinete paralelo que assessorou o presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia também são alvos da CPI.

Veja a lista dos investigados pela CPI da Covid:

  • Elcio Franco - ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde
  • Arthur Weintraub - ex-assessor internacional da presidência da República
  • Eduardo Pazuello - ex-ministro da Saúde
  • Ernesto Araújo - ex-ministro das Relações Exteriores
  • Fabio Wajngarten - ex-secretário de Comunicação
  • Francieli Fantinato - coordenadora do Programa Nacional de Imunização
  • Hélio Angotti Neto - secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde
  • Marcellus Campêlo - ex-secretário de Saúde do Amazonas
  • Marcelo Queiroga - ministro da Saúde
  • Mayra Pinheiro - secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde
  • Nise Yamaguchi - médica oncologista
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade