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Coronavírus

Manifestantes se reúnem contra Bolsonaro em todos os Estados e no DF

Organizadores dizem que adesão de participantes foi maior do que em 29 de maio; atos cobraram impeachment do presidente e vacinação em massa

19 jun 2021 - 11h51
(atualizado em 20/6/2021 às 11h37)
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Grupos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro voltaram às ruas neste sábado, 19, em manifestações críticas ao governo federal. Organizados por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de oposição, os atos pediam o impeachment do chefe do Executivo, a retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e a vacinação em massa da população contra o coronavírus. Os organizadores disseram ter reunido mais de 750 mil pessoas em mais de 400 cidades do Brasil e do exterior.

Dezenas de milhares de pessoas compareceram a protestos em todos os Estados e no Distrito Federal, segundo registros das redes sociais das entidades participantes. No início da tarde, o País bateu a marca de 500 mil pessoas mortas em decorrência da covid-19, o que passou a ser destacado nos discursos. Apesar do uso de máscaras, além da ampla divulgação de recomendações para manter o distanciamento social e reforçar os cuidados para evitar contaminações, foram registradas aglomerações em diversos protestos.

Em São Paulo, manifestantes fecharam a Avenida Paulista, ocupando pelo menos oito quarteirões da via. O vão livre do Museu de Arte de São Paulo foi protegido por gradis, o que provocava aglomerações ao redor do carro de som estacionado em frente ao Masp.

"Sabemos do risco da pandemia, mas nós tomamos todo o cuidado do mundo, hoje eu vim com duas máscaras, e fazemos isso porque temos de sacudir o Brasil", discursou, do alto do carro de som, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também falou aos manifestantes. Lamentou as mortes e alertou para a possibilidade do descontrole da pandemia continuar, com novas mortes, se nada for feito. "Eu disse, desde o início que o mais difícil é enfrentar o vírus e o verme", disse Haddad, referindo-se de forma pejorativa a Bolsonaro. "Só um impeachment vai salvar a democracia."

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Guilherme Boulos (PSOL) disse que a manifestação ocorria "em homenagem e em solidariedade" aos 500 mil mortos. Ele fez o discurso mais efusivo com críticas a Bolsonaro e, após elogiar o grande número de manifestantes e o uso das máscaras, defendeu a continuidade dos protestos para pressionar por impeachment ainda neste ano.

"A gente não vai esperar sentado até 2022", disse, repetindo palavras de ordem que já havia usado nos protestos de 29 de maio. "A esquerda brasileira está unificada com essas mobilizações no Brasil todo", afirmou o líder do MTST, que disse ainda ter esperanças de uma unidade também eleitoral no próximo ano, mas sem citar nomes.

O protesto ganhou adesão de novos grupos em relação ao último ato, como o PT e a Central Única de Trabalhadores (CUT), que passaram a atuar de maneira explícita na mobilização. Embora tivesse apoio de diversos movimentos, de frentes suprapartidarias a grupos de defesa de direitos LGBTQI+, um grupo exibia, na Avenida Paulista, mensagens em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Volta Lula". Líder nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial em 2022, o petista cogitou participar pessoalmente do protesto em São Paulo, mas foi desaconselhado por aliados com receio de provocar mais aglomerações e dar caráter eleitoral às manifestações.

Um grupo de ciclistas se juntou ao movimento e foi aplaudido ao chegar em frente ao Masp. "Muito melhor do que a motociata do Bolsonaro é a nossa bicicleciata", dizia um dos organizadores do protesto, do alto do carro de som. "Não vamos sair da rua enquanto Bolsonaro não sair do poder", afirmou uma militante, ao microfone, antes de o protesto entoar o grito "Fora, Bolsonaro".

No início da noite, os manifestantes saíram em passeata rumo à Praça Roosevelt. A Polícia Militar teve de dispersar a ação isolada de um grupo que ateou fogo a sacos de lixo, na Rua da Consolação. Outros manifestantes repreenderam a ação e o fogo foi apagado. Próximo da rua Maceió, mais um tumulto foi interrompido por policiais, que usaram duas bombas de efeito moral para conter pessoas que vandalizavam uma agência bancária. Mais tarde, a PM divulgou que foram duas agências depredadas na Consolação, na altura dos números 2104 e 2265.

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No último dia 29 de maio, dezenas de milhares de pessoas protestaram contra o presidente em mais de 200 cidades. Os protestos ocorreram de maneira pacífica, exceto no Recife, onde a repressão policial resultou em duas pessoas cegas parcialmente e outros feridos. O presidente Bolsonaro minimizou tais atos, chegando a afirmar que faltou "erva e dinheiro" para os presentes, e, no sábado passado, participou em São Paulo de uma motociata em defesa de seu governo.

No fim da noite deste sábado, Bolsonaro usou as redes sociais para ironizar as manifestações contra ele ocorridas ao longo do dia. O presidente postou o vídeo de um protesto pequeno em Paranaguá para dar a entender que não houve adesão aos protestos.

Acompanhe, a seguir, alguns dos atos contra Bolsonaro no Brasil e no exterior.

Brasília

Em Brasília, além de pedirem o impeachment de Bolsonaro e o avanço da vacinação, pessoas também protestaram contra a proposta de Reforma Administrativa, que tramita no Congresso e é uma das apostas da equipe econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os manifestantes também inflaram um boneco gigante com o uniforme dos Correios, estatal que o governo Bolsonaro planeja privatizar.

Os manifestantes ocuparam o gramado central da Esplanada dos Ministérios. Com o Congresso isolado pelo policiamento, os manifestantes organizaram uma caminhada pela Esplanada até se posicionarem diante de um carro de som estacionado no local mais próximo possível do Parlamento, que funciona como uma espécie de palanque improvisado para os discursos.

Com muitas faixas pedindo a saída do presidente e cobrando reforço nos auxílios sociais, a manifestação teve forte presença de militantes de partidos de oposição, especialmente PT e PSOL. "Derrotar Bolsonaro não é uma tarefa para amanhã, derrotar Bolsonaro é uma tarefa para hoje", afirmou o deputado distrital Fábio Félix, do PSOL.

A organização do protesto distribuiu máscaras e álcool gel para os participantes da manifestação. Embora tenha havido uma tentativa de reduzir a aglomeração com uma espécie de distribuição de setores separados por faixas de protestos, boa parte dos presentes acabou se reunindo em frente ao carro de som do evento.

Rio de Janeiro

Milhares de manifestantes percorreram a Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, até a igreja da Candelária, em protesto contra o presidente Bolsonaro. O ato ocorreu a apenas cinco quilômetros da Escola Naval, na Ilha de Villegagnon, onde Bolsonaro participou pela manhã da cerimônia de entrega de espadins a uma turma de aspirantes.

A caminhada começou por volta das 11h40 no Monumento Zumbi dos Palmares. Os manifestantes interditaram parcialmente a Avenida Presidente Vargas, principal via do centro da capital fluminense, gritando palavras de ordem como "Fora Bolsonaro", "Eu quero vacina, não cloroquina". Levaram bandeiras e cartazes pedindo o impeachment, vacinação, saúde e trabalho. Uma grande faixa escrita "Fora Bolsonaro inimigo da educação" foi estendido na pista da avenida.

A caminhada terminou por volta das 13h na igreja da Candelária, onde manifestantes se revezaram nos carros de som com discursos pelo impeachment do presidente. Entre eles, estava o pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, que lidera um movimento de evangélicos contra Bolsonaro. "Bolsonaro representa a violência, Jesus representa a paz. Jesus representa a diversidade. Jesus é negro, é da periferia, das mulheres, dos negros", disse o pastor, do alto do carro de som, aplaudido pelos manifestantes.

Além de diversos movimentos sociais, a manifestação teve atuação mais presente de partidos políticos. Os manifestantes carregaram bandeiras de partidos como PT, PCdoB, PSTU, PDT, Psol. Sindicatos de trabalhadores também estavam no ato, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Políticos se revesaram em discursos nos carros de som dos organizadores, como os deputados federais Paulo Ramos (PDT) e Jandira Feghali (PCdoB). "Para derrotar o Bolsonaro, precisamos fazer como na época da ditadura. A gente precisa fazer manifestações e só para quando o Bolsonaro sair", disse o ex-senador Lindbergh Faria (PT).

"Ele é o pior vírus que estamos enfrentando neste momento", disse a deputada federal Benedita da Silva (PT).

O cantor Chico Buarque também compareceu ao ato.

Policiais militares e guardas municipais acompanharam o deslocamento do protesto. Não houve registro de ocorrências, segundo informou a Polícia Militar. A PM informou que não faria estimativa de público presente. Os organizadores estimaram que a manifestação foi maior do que os atos do dia 29 de maio, quando compareceram 50 mil pessoas. A grande maioria dos manifestantes usava máscara de proteção.

Recife

Palco de tumultos em que dois homens foram atingidos por disparos de balas de borracha da Polícia Militar, no ato do último dia 29, Recife teve protestos mais tranquilos neste sábado. Não há estimativas oficiais, mas o ato reuniu número menor de participantes, embora com a participação de diversos movimentos sociais e estudantis. A chuva na capital pernambucana atrapalhou o ato, e policiais, também em menor número, se mantiveram à distância, ao contrário do que ocorreu em maio.

Políticos, como a deputada federal Marília Arraes (PT), que concorreu à prefeitura do Recife nas eleições de 2020, também participaram do protesto. Sem o decreto estadual que determinava o funcionamento exclusivo de serviços essenciais no fim do mês passado, o ato contou com carros de som e seguiu o mesmo trajeto, da Praça do Derby, no bairro Derby, em direção à Ponte Duarte Coelho, no centro do Recife.

Carros de polícia e de controle do trânsito foram posicionados em diversos pontos do trajeto, caminho histórico dos atos de esquerda na cidade. Ecoando o grito de "Fora Bolsonaro", ao chegar à Ponte Duarte os manifestantes se dividiram em uma bifurcação para "abraçar" todo o espaço, onde foram registrados os casos de violência policial do dia 29. Rosas foram distribuídas no final da manifestação sob o recado, em um dos carros de som: "Enquanto eles nos dão bala, nós damos flores, porque o nosso ato é pela vida".

Belo Horizonte

Em Belo Horizonte (MG), o protesto ganhou força em relação ao movimento de 29 de maio. As ruas ficaram visivelmente mais cheias, e o ato durou toda a tarde. Por volta de 13h30, os manifestantes se concentraram na Praça da Liberdade. Uma hora e meia depois, a multidão desceu em passeata pelo centro da capital, aos gritos de "Fora Bolsonaro" e "genocida".

Diferentemente do dia 29, a manifestação desta vez foi acompanhada por uma carreata expressiva, que ocupou várias quadras de algumas das principais vias da capital, sempre atrás dos manifestantes que seguiam a pé. Houve buzinaço e panelaços em alguns prédios por onde os ativistas passavam. Os manifestantes portavam cartazes lembrando a triste marca de 500 mil mortes alcançada neste sábado pela pandemia. Também pediam mais vacinas e democracia. Houve protestos também em pelo menos 30 cidades do interior de Minas.

São Luís

Em maior número que no protesto de 29 de maio, manifestantes se reuniram na região central de São Luís na manhã deste sábado, em protesto ao presidente da República. Com faixas e cartazes com frase "Fora Bolsonaro, presidente genocida", manifestantes pediram a renúncia de Bolsonaro e teceram críticas ao seu governo, pedindo celeridade nas medidas de prevenção contra a covid-19.

"O País está passando por um momento difícil e o desemprego aumentando. Somos contra as reformas que esse governo está implantando no Brasil e a favor de uma política mais séria em relação à vacinação contra a covid-19. E, hoje, estamos nas ruas também para reinvindicar ao presidente que retorne com o auxílio emergencial de R$ 600", afirmou o servidor federal Raimundo Pereira.

Entidades e partidos políticos como UNE, UBES, CUT, UJS, CTB, PSTU, PCO, PSOL, PT e SINPROESEMMA também participaram do ato, que teve fim na praça Maria Aragão.

Goiânia

Milhares de pessoas participaram do protesto contra o presidente Bolsonaro no Setor Central de Goiânia neste sábado. A concentração para o ato começou às 9 horas na Praça Cívica, onde fica o centro administrativo do governo estadual. Os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Araguaia, Rua 4 e Avenida Goiás. O protesto foi encerrado por volta das 12 horas na Praça do Trabalhador, em frente à antiga Estação Ferroviária. O trajeto percorrido foi de cerca de 2 km. Os manifestantes usavam máscaras, mas não havia distanciamento.

A manifestação foi organizada por mais de 100 entidades e contou com o apoio de três carros de som. Durante o percurso, foram exibidos cartazes e palavras de ordem contra a condução da pandemia por Bolsonaro. Em menor quantidade, também houve repúdio à alta de preços de alimentos e combustível.

Entre as palavras de ordem, os manifestantes entoaram "Fora Bolsonaro Genocida" e "Vacina no braço e comida no prato". Dois manifestantes vestiam fantasias da morte de faixa presidencial. Outro grupo levou um boneco de terno e faixa presidencial, pendurado pelas pernas. A organização da manifestação estima a presença de 10 mil pessoas no ato. A Polícia Militar de Goiás não fez a contagem e acompanhou o ato com viaturas e cavalaria. O protesto foi pacífico, de acordo com a PM.

Maceió

Pelo menos quatro municípios alagoanos realizaram ato contra o presidente na manhã deste sábado. Em Maceió, manifestantes percorreram a principal avenida da cidade com gritos de "fora Bolsonaro" e "presidente genocida". A Polícia Militar não estimou o número de pessoas no ato. Além da capital alagoana, foram registradas manifestações contra Bolsonaro nas cidades de Arapiraca, Palmeira dos Índios e Delmiro Gouveia.

Em Maceió, participam do ato as frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular, CUT, Central Sindical e Popular - Conlutas, o Fórum por Direitos e Liberdades Democráticas, o MTST, a articulação Povo na Rua, o MST, a Frente Nacional de Luta Campos e Cidade (FNL), além de sindicatos, partidos políticos, grupos culturais, entidades LGBTs e movimentos estudantis, feministas, populares e antirracistas.

Fortaleza

Duas manifestações em regiões diferentes de Fortaleza ocorreram na tarde deste sábado, 19. Em ambas, manifestantes empunhavam cartazes com os dizeres "Fora, Bolsonaro", "Bolsonaro genocida" e "500 mil". Uma carreata e uma bicicleata saíram da Igreja de Santa Edwirges, na Avenida Leste Oeste, rumo à Avenida Beira-Mar, organizada pelas entidades Frente Brasil Popular, CUT, CSP-Conlutas, CTB, CGTB e Intersindical.

Também houve manifestação no bairro Benfica, com passeata entre a Praça da Gentilândia e a Praça da Bandeira, no centro da capital. No percurso, moradores de edifícios da região batiam panela e faziam coro aos gritos de guerra. Os organizadores foram as Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e Coalizão Negra.

Durante a manhã, uma intervenção organizada por médicos escreveu no chão os dizeres "500.000" com luvas cor de rosa infladas e pétalas de rosas ao redor, lembrando o número de mortos pela pandemia de covid-19. A manifestação foi organizada pelo Coletivo Rebento - médicos e médicas em Defesa da ética, da ciência e do SUS e as organizações SerPonte e Viva Cidadania.

Manaus

Em maior número que no protesto passado, manifestantes voltaram a sair às ruas em Manaus na tarde deste sábado, 19, para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro e a gestão do governo federal perante a pandemia de covid-19. A concentração iniciou às 15h, na Praça da Saudade, no Centro Comercial de Manaus, de onde partiram em passeatas por diversas ruas do Centro até o Largo Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas.

No caminho, os participantes da passeata gritavam palavras de ordem contra o governo federal e cobravam mais respeito ao meio ambiente e mais recursos para a educação. Também não faltaram críticas ao governo do Estado, motivado por denúncias de corrupção na gestão da pandemia no Amazonas e depoimentos na CPI da Pandemia no Senado que apontou irregularidades na gestão da Saúde no Estado.

Uma das participantes foi a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), Beatriz Calheiros. "O governo federal reduziu a verba para educação e não tem ajudado a população brasileira a resistir à fome e ao desemprego em um momento tão crítico para nossa população. Soma-se a isso a política ambiental aqui na região Norte também", disse.

Salvador

A militância tomou o centro de Salvador em protesto na tarde deste sábado, 19. Os manifestantes voltaram a chamar o presidente de genocida e cobraram "vacina, comida e emprego". Centrais sindicais e movimentos estudantis formaram a linha de frente do grupo, que deu a volta nas imediações do Largo do Campo Grande, passou pelo Forte de São Pedro - depósito de suprimentos do Exército - e retornou ao largo. A manifestação foi acompanhada pela PM e ocorreu de forma pacífica.

Curitiba

Mesmo com a forte chuva que caiu durante o sábado, manifestantes estiveram na Praça Santos Andrade, em Curitiba, para criticar e pedir a saída do presidente da República. Os presentes gritaram palavras de ordem como "assassino" e "genocida". Durante os protestos, o uso de máscaras e o distanciamento social foram mantidos e lembrados a todo o momento pelos organizadores.

A engenheira elétrica Ana Paula, 45 anos, disse que foi motivada a ir à manifestação por causa do descaso com que o governo federal vem tratando a pandemia. "Queremos mostrar que o Brasil que tentam mostrar não é o Brasil real. Queremos voltar a ser modelo, exemplo de saúde pública. Se hoje temos 500 mil mortes é por culpa do governo que adotou as medidas necessárias para evitar essa situação", avaliou.

O professor Pedro Alcântara, 50 anos, disse que o presidente ao recusar vacinas não vivia a realidade. "Ele tem responsabilidade pelo que está acontecendo", comentou.

A manifestação foi organizada por entidades sociais, sindicais, políticas e teve apoio também de representantes dos movimentos estudantis e de torcidas organizadas. No início da noite estava prevista uma caminhada pelas ruas centrais da capital.

Porto Alegre

Porto Alegre teve mais uma grande manifestação contra o presidente Bolsonaro pedindo ampliação da vacinação contra o coronavírus. O protesto iniciou por volta das 15h no Largo Glênio Peres, em frente à prefeitura da cidade. Às 15h40, os manifestantes iniciaram a caminhada até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa. Na caminhada, bandeiras de partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais engrossavam o grupo que ocupou as ruas centrais da cidade.

O número de manifestantes foi semelhante ao primeiro protesto, realizado em maio. Uma das diferenças foi a maior presença de bandeiras do PT, marcando uma maior presença do partido na manifestação. No caminhão de som, as lideranças davam o tom de urgência, pedindo a saída imediata do presidente com a ideia de que "não é possível esperar até 2022", afirmou, por exemplo, Manuela d'Ávila, política do PCdoB que foi candidata a prefeita em 2020. Discurso semelhante aos demais líderes que assumiram o microfone, como a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL).

Diversos movimentos de esquerda, que costumam disputar eleitorado, estiveram juntos na marcha. A caminhada transcorreu sem incidentes, de acordo com a Brigada Militar. Porém, a corporação não soube estimar o número de manifestantes. Ao final do ato, velas e tochas foram acesas em frente ao caminhão de som para lembrar as 500 mil mortes em decorrência do coronavírus. A manifestação encerrou por volta das 18h no Largo Glênio Peres.

Interior de São Paulo

Manifestações organizadas por partidos políticos, sindicatos e entidades estudantis aconteceram em ao menos 15 cidades do interior de São Paulo, entre a manhã e o início da tarde deste sábado. Os atos reuniram também pessoas sem vínculo sindical ou partidário, descontentes com o governo pela falta de enfrentamento da pandemia do coronavírus. Em todas as manifestações, além da saída do presidente qualificado como "genocida", houve pedidos de mais vacina e mais auxílio emergencial, além de "comida no prato". O uso de máscara foi obrigatório, mas houve registros de aglomerações.

Em Sorocaba, a manifestação começou em frente à Catedral, na Praça Fernando Prestes, e terminou na estação ferroviária, após passeata pelo centro. O protesto reuniu representantes de partidos políticos, estudantes e moradores sem vinculação partidária, como a comerciante Leonice Marques, de 64 anos, que segurava um cartaz com os dizeres "Fora genocida, já". "Estamos perdendo muitos entes queridos. Perdi uma amiga e irmã. Ele (Bolsonaro) não tem respeito com as pessoas porque é um genocida, está acabando com as famílias", protestou.

O estudante universitário Luís Felipe, de 20 anos, levava um cartaz com fotos e dizeres que ele mesmo explicou: "Bolsonaro mata, (Ricardo) Salles (ministro do Meio Ambiente) desmata e a família, mamata, porque estão todos nas tetas do país." A presidente do PSOL na cidade, Paula Penha, disse que as mobilizações serão mantidas até que Bolsonaro caia. "Não é normal termos duas mil mortes por dia no país e, aqui, em Sorocaba, 20 mortes todos os dias. A população está mostrando sua indignação com isso", disse.

O presidente do PT na cidade, Adailton dos Santos, disse que as manifestações vão se intensificar na cidade até o próximo dia 25, quando está prevista uma visita do presidente a Sorocaba. "Faremos atos diários para marcar nossa posição contra esse governo que é mais letal que o coronavírus. Relutamos bastante em fazer o protesto devido à covid-19, mas estamos numa situação muito triste e as ruas sempre foram o nosso lugar", disse. Os organizadores estimaram o público em 500 pessoas. A Polícia Militar não calculou.

Em Campinas, o protesto reuniu partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais e estudantes. Após a concentração no Largo do Rosário, tradicional ponto de manifestações, o grupo saiu em marcha pelas ruas e avenidas do centro. As vias foram interditadas pelos agentes de trânsito para a passagem dos manifestantes, que usavam máscaras e, apesar dos pedidos dos organizadores, se aglomeraram em alguns pontos. A PM acompanhou a manifestação, mas não estimou o público.

Manifestantes também se reuniram no centro de Ribeirão Preto para pedir a saída do presidente. Os grupos se juntaram na Esplanada do Theatro Pedro II e percorreu as ruas do centro, levando faixas e cartazes. Além de carros de som, havia bandeiras e partidos de esquerda, como PT, PSOL e PSTU. Os organizadores distribuíram máscaras e álcool gel, mas houve aglomerações pontuais. Agentes da Guarda Municipal e da PM acompanharam os atos, sem estimar o número de participantes.

Em Piracicaba, os manifestantes ocuparam a Praça José Bonifácio, no centro, com faixas, cartazes e carros de som. Depois dos discursos e palavras de ordem contra o governo, o grupo percorreu a Rua Prudente de Moraes e encerrou o protesto no Terminal Central de Integração, na Avenida Armando Salles de Oliveira. Em Jundiaí, os presentes fizeram uma carreata a partir do Paço Municipal. Os veículos levavam faixas com "Fora Bolsonaro" e pedido de vacina. Em Araçatuba, uma carreata de protesto contra Bolsonaro saiu da Praça Olímpica e foi até a Praça Rui Barbosa.

Cerca de 150 integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) protestaram contra o governo Bolsonaro ocupando a fazenda Floresta, de 1,7 mil hectares, em Marabá Paulista, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do estado de São Paulo. Conforme o dirigente Luciano de Lima, a ação visa demonstrar o descontentamento de acampados e assentados contra as políticas agrária e social do governo federal.

No exterior

Assim como no último dia 29, protestos contra o presidente também foram registrados no exterior. Em Berlim, na Alemanha, dezenas de manifestantes já se reuniram. Segundo informou a agência de notícias Deutsche Welle em sua conta brasileira no Twitter, eles pediram mais vacinas e o impeachment de Bolsonaro, além de denunciarem a violência contra os povos indígenas.

Durante o ato em Berlim, cruzes no chão lembraram os quase 500 mil mortos pela covid-19 no Brasil e as vítimas do massacre do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Além da cidade alemã, também já foram registrados atos em Londres, Dublin, Viena, Zurique.

Em Lisboa, grupos de manifestantes também se reuniram para protestar contra o governo brasileiro.

Redes sociais

Parlamentares de oposição ao governo Bolsonaro registraram a manifestação contra o presidente em suas redes sociais. Alguns políticos estiveram no protesto presencialmente, outros acompanharam virtualmente.

O senador Humberto Costa (PT-PE) registrou as manifestações em suas redes sociais. No entanto, como integrante da CPI da Covid, o senador decidiu não comparecer presencialmente nos atos. Ele pontuou que o PT, no entanto, está apoiando os protestos. "Dirigentes estão indo participar", disse ao Estadão/Broadcast.

Questionado sobre o fato de a oposição estar dividida sobre comparecer às manifestações, em razão da pandemia, Costa classificou o receio como natural. "Estamos na iminência de uma terceira onda. Agora, ninguém pode impedir os movimentos sociais e as pessoas de se manifestarem. A situação está crítica por conta desse governo", afirmou o senador.

O senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido no Senado, participa das manifestações em Belém. O petista, que já tomou as duas doses da vacina contra a covid, mostrou sua presença (de máscara) em uma rede social.

O deputado federal Pedro Ucazai (PT-SC) participou da manifestação em Brasília e também registrou em suas redes sociais

O vereador Chico Alencar (PSOL-RJ), ex-deputado federal, participou do ato no Rio de Janeiro. "Nosso mandato está presente. Já chegamos ao ato #19JForaBolsonaro, com máscaras PFF2, álcool e muita disposição pra luta. Milhares nas ruas clamando pelo #ForaBolsonaro", escreveu em sua rede social. /COM AMANDA PUPO, JULIA AFFONSO, LUCI RIBEIRO E MARCELO DE MORAES, DE BRASÍLIA; BRUNO VILLAS BÔAS, DO RIO; TULIO KRUSE, DE SÃO PAULO; JOSÉ MARIA TOMAZELA, DE SOROCABA; E PEDRO JORDÃO, DAVI MAX, TUNAY PEIXOTO, ALINE RESKALLA, THALYS ALCÂNTARA, CARLOS NEALDO, TAILANE MUNIZ, ALISSON CASTRO, JULIO CESAR LIMA E EDUARDO AMARAL, ESPECIAIS PARA O ESTADÃO

Estadão
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