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Coronavírus

Inflação alta tende a impactar mais economias emergentes, diz Banco de Compensações Internacionais

Alguns países estão altamente expostos a riscos estagflacionários, ou seja, atravessar um longo período de baixo crescimento econômico e inflação elevada

26 jun 2022 - 12h10
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NOVA YORK - A disparada nos preços que veio a reboque da pandemia e foi agravada pela guerra na Ucrânia deve pesar mais para as economias emergentes, avalia o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), uma espécie de banco central dos bancos centrais, em relatório publicado neste domingo, 26. Alguns países estão altamente expostos a riscos estagflacionários, ou seja, atravessar um longo período de baixo crescimento econômico e inflação elevada, e podem, na visão da conforme a entidade, com sede com sede em Basileia, na Suíça, ter de praticar maiores aumentos de juros para controlar a inflação. "Os riscos (no cenário atual) representam testes difíceis para as economias emergentes", diz o BIS, em seu relatório econômico anual.

Apesar disso, a entidade afirma que as economias emergentes são hoje mais "resilientes" após melhorias nos quadros de política fiscal e monetária e um maior uso de amortecedores prudenciais e ferramentas macroprudenciais. Os desafios aparecem, explica, porque em alguns outros aspectos, o ponto de partida para esses países é pior do que no passado.

"Muitos (países emergentes) estão enfrentando condições financeiras mais apertadas em um cenário de dívida elevada, que aumentou ainda mais durante a pandemia", atenta o BIS. "Isso aumenta a perspectiva de aumento das saídas de capitais, que historicamente acompanharam tempos de alta das taxas de juros globais".

O BIS chama atenção ainda para o aumento das tensões geopolíticas que, na atual conjuntura, amplifica os riscos para as economias emergentes. Embora os países exportadores sejam beneficiados pelo aumento do preço de commodities, que veio na esteira do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, vários governos tiveram recentemente rebaixamentos de rating, lembra a entidade.

"As perspectivas de crescimento já haviam se deteriorado antes da pandemia, com taxas de crescimento potencial em média 2 pontos porcentuais menores do que antes da Grande Crise Financeira", diz o BIS.

As cicatrizes deixadas pela pandemia nas economias emergentes também são mais evidentes do que nos países desenvolvidos, conforme o organismo. No primeiro trimestre deste ano, a duração mediana de fechamentos completos de escolas devido à covid-19 totalizaram 29 semanas na América Latina e 16 semanas na Ásia emergente, enquanto nas economias desenvolvidas foram apenas seis semanas.

Por fim, o BIS lembra ainda que a participação da força de trabalho também está se recuperando mais lentamente nos países emergentes. Na América Latina, em particular, afirma, o nível visto em 2021 está cerca de 2 pontos porcentuais abaixo dos níveis pré-pandemia. "Muitas economias emergentes estão altamente expostas ao crescimento chinês mais lento, especialmente países da Ásia emergente e alguns exportadores de commodities", conclui o BIS.

Estadão
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