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Coronavírus

Governo faz acordo para trocar testes que perderem validade

Fabricante dos exames aceitou fazer a reposição em nome do "bom relacionamento com o governo brasileiro

14 abr 2021 - 05h02
(atualizado às 07h27)
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O Ministério da Saúde chegou a um acordo para a troca de exames de diagnóstico da covid-19 que perderem a validade por produtos com prazos mais longos de uso. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a coreana Seegene, fabricante dos exames, aceitou fazer a reposição em nome do "bom relacionamento com o governo brasileiro" e também devido ao volume de compras já feito pelo ministério.

Taxista faz teste para Covid-19 em São Paulo
26/06/2020
REUTERS/Amanda Perobelli
Taxista faz teste para Covid-19 em São Paulo 26/06/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

A ideia do ministério é distribuir 1,8 milhão de exames em maio, além de trocar parte do estoque que pode vencer. Segundo apurou o Estadão, há pelo menos 2 milhões de exames que vencem no próximo mês. O governo federal comprou 10 milhões de testes da Seegene em 2020, por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). O negócio custou R$ 423 milhões.

O Estadão revelou, em novembro, que cerca de 6,8 milhões de testes RT-PCR estavam prestes a vencer em armazém do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) renovou a validade dos lotes por mais 4 meses. Mais de 4 milhões de unidades foram distribuídas desde que o estoque foi revelado pela reportagem.

Trata-se do exame mais preciso para diagnóstico da covid-19, pois encontra o vírus ativo no organismo. A coleta do material dos pacientes é feita pelo nariz e garganta, por meio de um cotonete "swab". Depois a amostra é analisada em laboratório. A demanda pelos testes aumentou nos últimos meses.

Em março foram feitos 2,39 milhões de testes na rede pública. O recorde anterior, de dezembro de 2020, era de 1,85 milhão. Apesar da alta procura, havia temor no governo federal de que os exames fossem distribuídos, mas perdessem a validade nos Estados. No fim de março, o Maranhão, por exemplo, tinha ainda cerca de 66,91 mil exames com validade para 30 de abril. Pelo ritmo de exames no Estado, o estoque poderia perder a validade antes do prazo.

Há ainda dúvidas de gestores do SUS sobre o que o ministério fará após superar o estoque atual. Não há uma grande compra engatilhada, mas a Saúde pode voltar a adquirir produtos da Seegene.

O exame RT-PCR é complexo. Durante a pandemia, o ministério deixou faltar insumos usados no processo de coleta (como tubos e cotonete do tipo "swab") e extração do RNA, que exige reagentes específicos. O governo chegou a traçar a meta de encerrar 2020 com mais de 24 milhões de exames deste tipo. Até agora foram feitos apenas 14,6 milhões.

Secretários de Estados e municípios também cobram do ministério a compra de testes de antígeno, que são mais ágeis e tem boa qualidade. Em coletiva nesta terça-feira, o secretário-executivo da Saúde, Rodrigo Cruz, disse que esse tipo de exame pode passar a ser usado em uma estratégia de controle da doença no transporte urbano, com testagem entre passageiros e funcionários das empresas do setor, como motoristas e cobradores.

Estadão
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