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Coronavírus

'É preciso um seguro para ajudar na transição', diz economista

Para Sérgio Firpo, governo deve elaborar alguma política social que possa apoiar aqueles que buscarem por um emprego no pós-pandemia

30 set 2020 - 22h31
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A taxa de desemprego vai continuar alta, principalmente quando a economia der mais sinais de retomada e os desalentados voltarem a buscar vagas. Para o professor do Insper, Sérgio Firpo, especialista em mercado de trabalho, é preciso criar um "seguro" para ajudar na transição do pós-pandemia do coronavírus. Veja trechos da entrevista:

Como avalia o último Caged?

Um dos dados mais preocupantes é o número de pessoas que não têm interesse em buscar emprego. Dada a dificuldade, estão desalentadas. Muitos têm sobrevivido com o auxílio emergencial e até estão melhores agora, em termos de renda, do que antes.

O que vai ocorrer quando o auxílio diminuir ou acabar?

As pessoas vão voltar a procurar emprego e não vai ter vagas para todos. A taxa de desemprego será ainda maior.

Como amenizar esse quadro?

Nosso problema é a alta informalidade, em parte pela rigidez do mercado de trabalho que proíbe a redução de salários em contratos formais. Isso vai fazer com que, na retomada, inicialmente as vagas serão informais e só mais para frente poderão ser formalizadas. Vai ter muita gente sem capacidade de gerar renda, e o País precisaria ajudá-las nessa transição.

De que forma?

É preciso uma política social que permita à massa que vai demorar a achar emprego sobreviver. Deveria ser criado um tipo de seguro para as oscilações da renda - o trabalho informal um dia está bem, no outro não. Hoje tem Bolsa Família, auxílio emergencial, mas não tem algo que compense essa oscilação que leva a pessoa a entrar e sair do status de pobreza.

Como seria esse seguro?

É complicado ter uma política social única. O Renda Mínima deveria ter outro programa associado, transitório, com adaptação para o mercado de trabalho. Mas acredito que esse tipo de programa ficará para depois, pois a ideia do governo é turbinar o Bolsa Família e arrumar um espaço fiscal sem furar o teto de gastos. Talvez ele não fure, mas caia da bicicleta.

Estadão
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