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Coronavírus

Com exterior, dólar fecha a R$ 5,90, um novo recorde; Bolsa encerra aos 77 mil pontos

Influenciou o mercado, a informação de que o Fed não trabalha com a possibilidade de juros negativos; a máxima do dia, moeda era negociada pelo valor histórico de R$ 5,94

13 mai 2020 - 09h24
(atualizado às 21h15)
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O dólar sofre nova escalada nesta quarta-feira, 13, e já ultrapassa, pela primeira vez, o patamar dos R$ 5,90. Como consequência, a moeda terminou novamente o dia em um novo recorde nominal, quando não se considera a inflação, para um fechamento a R$ 5,9008, uma alta de 0,55%. Influenciou na cotação hoje, o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano). Porém, apesar dos resultados negativos, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, teve um pregão relativamente estável e fechou com queda de 0,13%, aos 77.772,20 pontos.

Apesar dos resultados, a moeda americana começou o dia em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,8245. No entanto, ainda pela manhã, ela tornou a subir e chegou perto de R$ 5,8620 - valor próximo ao do fechamento da última terça-feira, 12, quando encerrou a R$ 5,8657. Era por volta das 11h quando a moeda subiu mais de 0,67% e rompeu o patamar de 5,9077. Também fecharam em alta o dólar à vista, a 5,9012 e o dólar turismo, a R$ 6,1412?.

Devido ao crescente ritmo de apreciação, o dólar já tem valorização de 47% em 2020 e de 8,5% no mês. Ainda nesta quarta, o Banco Central tentou controlar o movimento de alta, com a venda de contratos de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro) de US$ 500 milhões, antes do meio-dia. Ao todo, US$ 1,835 bilhão já foram injetados no período.

No entanto, apesar dos valores cada vez mais alarmantes para a moeda, a B3 não sofreu maiores perdas nesta quarta. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, oscilou ao longo do dia entre os 77 mil e 78 mil pontos. Na máxima do dia, pouco após a abertura, ele subia aos 78.911,28 pontos - e na mínima, caía aos 77.151,98 pontos. Com o resultado, a Bolsa acumula perdas de 3,10% na semana, de 3,40% no mês e de 32,75% no ano.

Os resultados do mercado brasileiro refletem nesta quarta, a fala de Jerome Powell, presidente do Fed, de que a autoridade monetária não considera a implementação de juros negativos nos Estados Unidos. Ele ainda acrescentou que esta não é "uma política atrativa" e que sua eficácia é "mista".

Contudo, Powell ainda comentou que medidas adicionais podem ser necessárias, para evitar ainda mais impactos na economia americana em função do coronavírus. Nesse cenário, o presidente do Fed disse também que a recuperação pode demorar algum tempo, que ampliou para o mercado os riscos de que problemas de liquidez se transformem em uma crise de solvência.

Cenário local

O dia foi de notícias negativas para o mercado brasileiro. Nesta quarta, o governo federal reduziu oficialmente a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 e passou a prever um tombo de 4,7%. O número vem em sintonia com os do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que estimam queda do PIB brasileiro de, respectivamente, 5% e 5,3%.

Ainda nesse cenário, o Ministério da Economia divulgou um estudo que estima um custo de R$ 20 bilhões para a economia, a cada semana em que o isolamento social ainda continua em vigor. Situação que causa preocupação aos investidores, já que o número de vítimas do coronavírus já ultrapassa os 12 mil e o de infectados os 177 mil - tornando difícil de prever quando poderá acontecer uma reabertura do mercado.

No entanto, os efeitos do vírus já pesam sobre o mercado. Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo recuaram 2,5% na passagem de fevereiro para março, no pior desempenho em mais de 17 anos. Ainda segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as perdas no setor já ultrapassam os R$ 124,7 bilhões em apenas sete semanas, desde o agravamento da pandemia do novo coronavírus no País.

Além dos aspectos econômicos, ainda pesa no mercado o instável cenário político do Brasil. Em Brasília, as tensões crescem em torno do veto de Jair Bolsonaro para a possibilidade de reajuste de salários para os servidores, após o projeto de ajuda a Estados livrar determinadas categorias do congelamento. Também impacta os investidores, o vídeo da reunião ministerial entre o presidente e o ex-ministro Sérgio Moro, que pede pela divulgação do conteúdo considerado como 'devastador' para Bolsonaro.

Cenário internacional

Na Ásia, o receio de uma possível nova onda de contaminações fez com que algumas cidades já comecem a tomar novas medidas de restrições. Em Jilin, cidade no nordeste da China, já se avalia nova rodada de restrições sobre viagens para conter a pandemia, com seis novos casos reportados na última terça-feira, 12.

Enquanto isso, no Reino Unido, investidores tiveram de digerir o resultado negativo do Produto Interno Bruto (PIB), que encolheu 2% no primeiro trimestre ante os três meses anteriores. Já na zona do euro, a produção industrial recuou 11,3% em março ante fevereiro, resultado melhor que a queda de 12,8% prevista pelos analistas.

E o cenário prevê quedas ainda maiores. Segundo Luis de Guindos, presidente do Banco Central Europeu (BCE), a contração econômica da zona do euro pode ser de 6% a 12%, com cenário base de queda de 9%. Apesar dos resultados, ele comentou que a economia deve ter recuperação entre o terceiro e o quarto trimestres deste ano.

Petróleo

Além das falas de Jerome Powell, presidente do Fed, a commodity foi afetada nesta quinta pela previsão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que a pior contração nos principais centros de demanda de petróleo no mundo, devido a pandemia de covid-19, vai ocorrer no segundo trimestre do ano. O grupo também acentuou sua projeção para 'queda da demanda' no ano inteiro.

Nesse cenário, o WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em queda 2,47%, a US$ 25,68 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, recuou 2,64%, a US$ 29,19 o barril.

Bolsas do exterior

As Bolsas da Ásia fecharam sem sinal único nesta quarta. Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 0,22% e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,67%.O japonês Nikkei caiu 0,49% em Tóquio, enquanto o Hang Seng recuou 0,27% em Hong Kong. Em outras partes da Ásia, o sul-coreano Kospi se valorizou 0,95% em Seul, enquanto o Taiex assegurou ganho de 0,54% em Taiwan. Na Oceania, a Bolsa australiana ficou no azul e o S&P/ASX 200 avançou 0,35% em Sydney.

Quedas também foram sentidas nas Bolsas da Europa. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 1,94% e em Londres, o FTSE 100 fechou em baixa de 1,51%. Em Frankfurt, o DAX recuou 2,56%, após o banco Commerzbank registrar prejuízo no primeiro trimestre. Na Bolsa de Paris, o CAC 40 fechou em baixa de 2,85% e em Milão, o FTSE MIB teve queda de 2,14%. Na Bolsa de Madri o IBEX 35 caiu 1,94% e em Lisboa, o PSI 20 fechou em baixa de 1,81%.

Resultados diferentes não foram observados nas Bolsas de Nova York. Após o discurso de Powell, o Dow Jones fechou em queda de 2,17%, em 23.247,97 pontos, o Nasdaq caiu 1,55%, para 8.863,17 pontos, perdendo a marca de 9 mil pontos, e o S&P 500 registrou baixa de 1,75%, a 2.820,00 pontos./SERGIO CALDAS, FELIPE SIQUEIRA, GABRIEL BUENO DA COSTA E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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