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Desempregados temem redução do auxílio e apostam em retomada

Victor Hugo Machado Francisco, de 30 anos, e Andrea Viana, de 42 anos, estão sem carteira assinada a endossam a longa lista de brasileiros que estão à procura de um emprego

19 set 2020 - 05h10
(atualizado às 10h30)
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Victor Hugo Machado Francisco, de 30 anos, e Andrea Viana, de 42 anos, exemplificam a situação de milhões de trabalhadores que não conseguem encontrar uma nova colocação formal (com carteira assinada) e engrossam os índices do IBGE que mostram crescimento do desemprego no País.

Foto: fdr

Desempregado desde novembro do ano passado, Francisco trabalhava como autônomo, fazendo entregas, mas teve o carro roubado. Desde então, segundo ele, vem procurando uma nova colocação para sustentar a esposa e a filha Valentina, de dois anos.

O dinheiro que recebia pelas entregas cobria apenas as despesas fixas. O orçamento da família era tão apertado que não sobrava nada para pagar o seguro do carro. "Eu estava me planejando para contratar o seguro quando fui roubado", contou Francisco. A mãe da pequena Valentina se dedica integralmente a cuidar da criança.

O que aliviou a situação dos três foi o início do pagamento do auxílio emergencial e o dinheiro que veio de um "bico" de lavador de carros que Francisco conseguiu em julho. O trabalho temporário durou cerca de um mês. Agora, com a ajuda do governo cortada pela metade, ele teme que a família volte a passar por necessidades como no início deste ano.

"Era simplesmente um inferno (antes do benefício). Minha filha não tinha leite e fralda, não tinha nada. A gente pegava sobras de restaurantes. Não quero que minha filha passe por isso de novo", afirmou.

À procura de novo emprego, ele passou a vasculhar as vagas oferecidas na internet e se inscreveu em grupos de empregos no Facebook. "Não tenho dinheiro para pegar um transporte e ir até as empresas. Faço tudo a pé."

A situação de Andrea Viana não é melhor. No final de agosto, ele saiu de Brasília e veio para São Paulo em busca de um trabalho como empregada doméstica. Andrea contou que foi demitida em junho do serviço anterior, quando ainda morava na capital federal, devido à pandemia. Não tinha carteira assinada, apesar de ter direito ao registro.

Com 25 anos de experiência em serviços domésticos, ela deixou os quatro filhos com idades entre oito e 19 anos no Distrito Federal e se mudou para a casa da ex-sogra, na capital paulista. Com o ex-marido preso, é a única responsável por sustentar a família. "Os mais velhos cuidam dos mais novos e eu estou procurando trabalho para mandar dinheiro para eles", afirmou ela.

Ela acredita que em São Paulo há mais vagas de emprego, mas admite que se assustou com a concorrência. "Nunca vi tanta gente querendo trabalhar como doméstica", disse Andrea. O seu plano é trazer os filhos em breve porque, na sua visão, há mais oportunidades para todos em São Paulo.

A retomada das atividades presenciais, com o relaxamento do isolamento social na capital paulista, dá esperanças a ela. "Tenho quatro pessoas que dependem de mim. Preciso crer que vou conseguir um emprego", afirmou ela.

Estadão
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