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Coronavírus

Como os microempreendedores estão se virando no dia a dia

Com a renda em queda, cada um usa uma estratégia diferente para trazer dinheiro para casa; pesquisa mostra que um terço dos profissionais passaram a vender algum tipo de produto

29 jun 2020 - 04h11
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Desde que a pandemia atingiu o Brasil, a vida do motorista de Uber Emerson Melo virou de cabeça para baixo. Com uma queda de 40% na renda, as contas começaram a se acumular. "Em três meses, tive atraso no pagamento de quase todas as despesas", conta Melo, de 31 anos. Em alguns dias, afirma ele, a renda não dava nem para pagar o combustível do carro.

A solução foi começar a trabalhar à noite, período em que há menos concorrência. Começa às 18 horas e não volta para casa antes de 3 horas das madrugada. Apesar de mais perigoso, o horário é melhor para recuperar um pouco da renda perdida nos últimos meses. "Estimo que vou gastar, pelo menos, seis meses para regularizar toda a minha situação", diz Melo. Ele conseguiu postergar por dois meses a parcela do carro, renegociou com a concessionária de água e luz e ainda conversa com o banco para acertar sua situação no cheque especial.

Na casa da esteticista Eunice Reis, de 56 anos, a situação não é diferente. Com o salão fechado desde março, ela faz alguns serviços de urgência, como podologia. Para atrair clientes, investiu R$ 80 num patrocínio que melhora o ranqueamento da empresa no Google. O resultado foi bom, diz ela. Mas, ainda assim, a demanda caiu 70%. "Tudo que ganho vai para pagamentos." Eunice teve de reduzir gastos até mesmo com alimentação. "Minha geladeira não tem o que tinha antes. Estou comendo o básico." Mas a esteticista não perde as esperanças. "Estou aproveitando o momento para fazer um curso para aprender a vender pela internet. Tenho de me virar para sobreviver. Já quebrei e me levantei em outras ocasiões."

Mesmo sentimento tem a modelo e artista Bruna Misio Col, de 43 anos. Com eventos e o mundo da moda praticamente parados, sua renda despencou. Para piorar, ela não tinha reservas para se manter. Depois de um mês parada, começou a se envolver numa rede social e teve a ideia de fazer tie dye - técnica de pintura de roupas. Fez umas peças e começou a vender pelo Instagram. Um amigo viu e a chamou para vender as peças na loja dele. A parceria deve começar esta semana e Bruna espera conseguir recuperar um pouco de fôlego para bancar as despesas do dia a dia.

Segundo a pesquisa feita pela fintech Neon e pelo fundo de venture capital Flourish, com a pandemia, muitos microempreendedores estão tendo de adotar outros trabalhos adicionais para complementar a renda em queda. Mais de um terço dos entrevistados disseram que estão vendendo algum tipo de produto para ganhar algum dinheiro; 18% estão fazendo entregas; 12% trabalhos domésticos; 8% trabalhos manuais; e 6% fazem viagens por aplicativos.

Estadão
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