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Coronavírus

Como está sendo a retomada das padarias paulistanas no 'novo normal'

Com os cuidados necessários devido à pandemia, locais retomam a rotina para a felicidade de seus frequentadores

17 jun 2021 - 05h10
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O pão com manteiga na chapa e o pingado são parte da nossa identidade cultural. Uma passadinha na padaria pela manhã é, para a maioria dos mortais, o pedágio obrigatório para quem precisa enfrentar o dia que se inicia. Embora tenham permanecido parcialmente abertas durante a pandemia, as "padocas" estão começando a sentir sinais de uma retomada e a volta dos clientes.

Só na cidade de São Paulo são 5 mil padarias, que empregam cerca de 120 mil pessoas. Segundo o presidente do Sindicato dos Industriais de Panificação e Confeitaria, Antero José Pereira, o setor ainda fatura 60% a menos do que lucrava antes da pandemia. "Ficamos muito tempo sem a possibilidade de consumo interno. Nosso ganho está muito ligado ao salão, ao consumo no café da manhã e happy hour", disse.

A reportagem do Estadão visitou padarias em diversas regiões de São Paulo para conversar com proprietários e clientes sobre o novo normal dentro dos estabelecimentos e, principalmente, falar sobre a falta que um balcão de padaria faz na vida de cada um. Só foram visitadas "padocas" que obedeciam a regras sanitárias e de distanciamento. Os clientes entrevistados só tiraram suas máscaras no momento do consumo.

"Perceba como quase todo mundo se conhece aqui na padaria. Para além do pão com manteiga e do café, a padaria é um lugar de convivência, um lugar em que as pessoas falam da vida, de futebol e política. Aqui, há famílias que conheço há três gerações", disse Rui Gonçalves, proprietário da Padaria Portugalia, na Vila Andrade, na zona sul.

Lá, encontramos o gerente de vendas Wellington Bezerra e a vendedora Kelly Silva. A dupla afirmou que não tinha se dado conta da importância de frequentar uma padaria até o dia em que não puderam tomar um café da manhã no salão. "Sentimos falta da liberdade de estar em uma padaria. É muito importante esse ritual na vida de cada um", falou Bezerra.

Na visita feita pelo Estadão às padarias de São Paulo, o mecânico Edy Santos Silva, que estava na fila do pãozinho, comemorou a retomada do cotidiano. "Precisamos restabelecer essa rotina. Toda vizinhança se encontra na padaria", comentou.

Longe dali, na zona leste, a reportagem visitou a panificadora Marengo. O proprietário Rogério Alexandre de Campos viu o movimento, que começa a se recuperar, cair cerca de 80% - principalmente nos horários do almoço e jantar. "O café da manhã é aquilo que está se recuperando mais depressa. Acho que é porque as pessoas estão voltando aos seus escritórios e acabam passando nas padarias a caminho do trabalho", falou.

Na Marengo, os frequentadores foram unânimes em confessar: "Se eu não passar na padaria, eu não começo o dia. Eu bato ponto mesmo. Sem padaria, parece que o dia corre de um jeito diferente", disse o gerente de vendas Marco Marcel Macedo. "Agora, estamos apenas em dois. Normalmente, fora de pandemia, seríamos uns 10 amigos no balcão da padaria, reunidos para tomar um café com leite", completou o supervisor de merchandising Elias Alves Belmond Júnior.

Por fim, visitamos a padaria Villa Grano, na zona sul. Lá, o proprietário Luís Pereira Ferreira diz que agora uma nova questão se impõe. "O salão ainda está abaixo do normal. Acredito que as pessoas estão preocupadas com a questão econômica. Receio que esta recuperação será mais lenta", afirmou.

Na Villa Grano, a médica Maria Amélia Santos comemora a possibilidade de tomar um café com calma dentro de uma padaria. "Faz parte da vida da cidade, da vida de todos nós. Passo sempre antes de ir ao trabalho", disse. Já o técnico de informática Rogério Kasa diz que os meses anteriores foram de passar na padaria e levar pães para casa. "Não tem comparação. Agora, a gente já pode começar a voltar, com todos os cuidados, ao nosso café da manhã, poder até estudar ou trabalhar nas padarias", disse.

Estadão
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