PUBLICIDADE

Coronavírus

Com pandemia, falta trabalho para quase 41 milhões de brasileiros

Retomada gradual da atividade econômica ainda não melhorou o mercado de trabalho, que ainda está na fase de dispensas, segundo o IBGE

14 ago 2020 - 12h31
(atualizado às 23h06)
Compartilhar
Exibir comentários

RIO - A reabertura de serviços e estabelecimentos comerciais com a suspensão gradual das medidas de isolamento social adotadas no combate à pandemia de covid-19 ainda não reverteu a situação difícil do emprego no País. Na quarta semana de julho, já faltava trabalho para quase 41 milhões de brasileiros, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O mercado de trabalho ainda está na fase de dispensas, não de admissões, afirmou Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. Em todo o País, há 12,9 milhões de desempregados, ou seja, pessoas que de fato tomaram alguma iniciativa para procurar emprego. Mais 28 milhões de pessoas não buscaram trabalho, sendo considerados, portanto, como inativos, mas disseram que gostariam de trabalhar.

"O mercado de trabalho ainda não parece estar reagindo. Ainda estamos na fase de dispensas, não de contratações", disse Maria Lucia. "Na verdade, está tendo semana a semana uma queda contínua de população ocupada. As pessoas estão perdendo o emprego", resumiu.

Na quarta semana de julho, o total de trabalhadores ocupados foi de 81,2 milhões, cerca de 600 mil a menos que na semana anterior. Ao mesmo tempo, a população desempregada foi estimada em 12,9 milhões de pessoas na semana de 19 a 25 de julho, cerca de meio milhão a mais que na semana anterior. Em apenas uma semana, a taxa de desemprego no País saltou de 13,1% para 13,7%.

A proporção de pessoas trabalhando na informalidade em relação a toda a população ocupada aumentou de 32,5% na terceira semana de julho para 33,5% na quarta semana do mês. Esse avanço significa que os mais atingidos pela perda de emprego na quarta semana de julho foram os que atuavam em posições formais. "Teve mais gente trabalhando de forma informal do que na semana anterior", confirmou Maria Lucia Vieira.

O País ainda tinha cerca de 5,8 milhões de trabalhadores, o equivalente a 7,1% da população ocupada, afastados do trabalho devido às medidas de isolamento social na quarta semana de julho. O resultado representa cerca de 400 mil pessoas a menos que o patamar de uma semana antes.

A população ocupada que não estava afastada do trabalho foi estimada em 72,3 milhões de pessoas, 200 mil a menos que na semana anterior. Na quarta semana de julho, 8,3 milhões de pessoas, ou 11,5% dos ocupados, trabalhavam remotamente, 100 mil a mais nessa condição em apenas uma semana.

A população fora da força de trabalho - que não estava trabalhando nem procurava por trabalho - somou 76,0 milhões na quarta semana de julho, 200 mil a menos que na semana anterior. Entre os inativos, os 28,0 milhões de pessoas que disseram que gostariam de trabalhar representavam 36,9% dessa população fora da força de trabalho. Aproximadamente 18,5 milhões de inativos que gostariam de trabalhar alegaram que não procuraram emprego por causa da pandemia ou por não encontrarem uma vaga onde moravam.

Maria Lucia Vieira lembra que a redução da população inativa ajuda a pressionar a taxa de desemprego, porque eles voltam a procurar vaga e passam a ser enquadrados como desempregados caso não sejam bem sucedidos nessa busca.

"Das pessoas que estavam desestimuladas a procurar trabalho por conta da pandemia, uma parcela volta a procurar trabalho também", lembrou a coordenadora do IBGE.

O nível da ocupação - porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar - foi de 47,7% na quarta semana de julho, ante um patamar de 48,0% na semana anterior.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade