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Coronavírus

Com milhões de doses em estoque, ministério fica 6 dias sem fazer entregas de vacinas

Mesmo com entregas na semana passada de três fabricantes, órgão federal demorou a enviar novas remessas e levou capitais a paralisarem vacinação

26 jul 2021 - 21h21
(atualizado às 22h49)
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SÃO PAULO - Com milhões de doses de vacinas contra a covid-19 em estoque, o Ministério da Saúde ficou seis dias sem realizar nenhuma entrega do imunizante aos Estados e municípios, levando ao menos nove capitais a suspenderem a aplicação da primeira dose.

Como mostrou o Estadão, Belém, Rio, Salvador, João Pessoa, Campo Grande, Florianópolis, Maceió, Natal e Vitória interromperam a oferta da vacina a novos públicos e mantiveram apenas a segunda dose nesta segunda-feira. Em outras duas capitais - Goiânia e Cuiabá -, a vacinação era limitada por causa dos estoques baixos. Em São Paulo, a imunização da faixa etária dos 28 anos - prevista para a quinta-feira, 29 - foi temporariamente suspensa.

Mesmo tendo recebido cerca de 16 milhões de doses entre segunda-feira da semana passada e esta, o órgão federal ficou seis dias sem realizar entregas, como mostram informes técnicos disponíveis no site da própria pasta. Os cálculos sobre o quantitativo disponível "estocado" foi feito pela plataforma apolinar.io/vacinas, mantida pelo desenvolvedor Apolinário Passos com base em informações do ministério.

De acordo com dados coletados pela plataforma, foram entregues na semana passada ao governo federal 6,2 milhões de doses da Pfizer, 4,8 milhões de unidades do imunizante de Oxford/AstraZeneca e 3,5 milhões de Coronavac. Outras 1,5 milhão de doses da vacina do Butantan foram liberadas hoje.

Nenhuma dessas, no entanto, havia sido distribuída até a manhã desta segunda, quando várias capitais optaram pela suspensão. Antes da nova remessa iniciada apenas à tarde, a última entrega federal a Estados havia ocorrido na terça-feira passada, dia 20, e com doses que já tinham sido entregues na semana anterior.

O envio costuma ser mais rápido e, por isso, causou estranhamento a Estados e municípios. Em entrevista ao jornal O Globo no sábado, 24, Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à covid do Ministério da Saúde, disse que as doses da Pfizer demoram até cinco dias para ser enviadas após o recebimento, enquanto as de Oxford/AstraZeneca e Coronavac costumam ser encaminhadas em até 24 horas.

O ministério recebeu, porém, 2 milhões de unidades dessas últimas na quarta-feira, 21, e ainda não havia repassado os itens aos Estados até esta segunda. Doses da Pfizer entregues na terça-feira passada também não haviam saído do estoque federal.

O governador de São Paulo, João Doria, chegou a cobrar publicamente maior celeridade da pasta na distribuição. Em sua conta no Twitter, ele disse ser "vergonhosa essa falta de gestão e senso de urgência".

Questionado pelo Estadão, o ministério disse ter iniciado a entrega de 10,2 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para a campanha em todo o País nesta segunda-feira, incluindo as capitais. De acordo com a pasta, 164,4 milhões de doses já foram entregues em território nacional.

O órgão ressaltou que, após a entrega dos imunizantes pelos laboratórios, "as doses passam por um controle de qualidade rigoroso, contagem e rotulagem no Centro de Distribuição Logístico, em Guarulhos (SP)". Só depois dessa etapa, diz o órgão, "os imunizantes são liberados para distribuição, os planos de voos são definidos e os lotes chegam aos estados em até 48 horas, em uma operação logística complexa e realizada em tempo recorde". O ministério não explicou o motivo da demora atípica na entrega e por que ficou seis dias sem enviar nenhuma remessa de vacinas.

No final da tarde, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou ter recebido 475 mil doses, mas disse que ainda espera 950 mil vacinas de sua cota que já estariam no estoque do ministério.

Estadão
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