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Coronavírus

'Ciência é a chave de tudo', diz advogada brasileira que mora em Newcastle, Reino Unido

Ana Ganzarolli destaca o fornecimento de kit de autoexame para covid-19 como uma solução inteligente no enfrentamento da pandemia

2 mai 2021 - 22h02
(atualizado em 3/5/2021 às 07h45)
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Ana Ganzarolli, Newcastle, Reino Unido

Vida praticamente normal

"Nossa vida está praticamente normal. Nós estamos trabalhando, minhas filhas estão indo para a escola. A gente ainda não está viajando, mas provavelmente neste verão, pelo menos dentro da Inglaterra, a gente já tem uma sinalização de que isso vai poder acontecer. Aqui, a gente toma alguns cuidados, como usar máscara em locais fechados. Não se pode ainda visitar as pessoas, há uma limitação de encontrar só em área externa, até quatro pessoas, mas, considerando a pandemia que a gente está enfrentando, é uma vida praticamente normal."

Advogada Ana Ganzarolli, de 42 anos, mora em Newcastle, no Reino Unido.
Advogada Ana Ganzarolli, de 42 anos, mora em Newcastle, no Reino Unido.
Foto: Reprodução/TV Estadão / Estadão

Imunização seletiva

"Nós estamos em Newcastle upon Tyne, a 100 quilômetros da Escócia, bem ao norte da Inglaterra, bem distante de Londres. Aqui, a vacinação está bem avançada. Aqui no norte, a infecção não foi tão generalizada como na capital, a vacinação está mais lenta. Eu tenho a informação de vacinação agora de pessoas com 45 anos."

Vida escolar

"O foco não foi tão grande, Newcastle é uma cidade mediana, vamos dizer assim, mas também foi afetada. A partir de 12 de abril é que o comércio reabriu. Nós ficamos quatro meses totalmente isolados. Só se saía para fazer compras. Todo o comércio ficou fechado, escolas também. Agora, reabriu. A vida está voltando ao novo normal. As crianças estão indo para a escola. Há alguns cuidados, adotados desde o ano passado, como dividir os intervalos e os horários de refeição entre as salas para as crianças não terem contato umas com as outras. Os pais têm de chegar de máscara para buscar os filhos e em horários diferentes de saída. E a gente tem de levar imediatamente embora. Nas salas de aula, as crianças não são obrigadas a usar máscara, diferente, por exemplo, da Itália, onde as crianças têm sim de usar máscaras. Aqui, elas não são obrigadas. Na classe da minha filha, que está numa escola primária, já havia, antes do lockdown, uns 20 alunos. Não houve mudança. Acho que não tem limite. Aqui eles têm toda uma atenção, uma preocupação pedagógica, com os alunos."

Home office e take away

"No trabalho, quem faz um trabalho intelectual, está em home office. No comércio, em lojas, as pessoas voltaram a trabalhar em 12 de abril. Mas o que eles chamam aqui de "key workers", que são as pessoas da área de saúde, de comida, professores, essas trabalharam o tempo todo. A restaurantes, eu confesso que ainda não fui desde a reabertura. Mas os restaurantes daqui sempre funcionaram "take away", para entrega. E agora eles só estão funcionando nas áreas abertas. As pessoas não podem entrar. E olha que ainda está bem frio, é primavera. À noite, a temperatura cai bastante."

Mudança durante o lockdown

"Eu moro aqui há um ano. Antes, eu morava numa cidade praiana, Bournemouth. Nós mudamos para cá uma semana depois de ter sido decretado o lockdown. Eu já tinha fechado o contrato. Inclusive, a gente foi parado na estrada, eles estavam fazendo o rastreio das placas dos carros. A gente teve de explicar para a policial que estava se mudando. Ela entendeu, e liberou a gente. Ao Brasil, fui em 2018, faz três anos. Vamos ver se no final deste ano a gente consegue. Meu marido também é brasileiro. A minha filha Ana Clara, de 6 anos, nasceu no Brasil. A minha segunda filha, a Isabela, tem dois anos, nasceu na Itália. Moramos lá durante dois anos. Eu aqui trabalho "part time", como atendente, mas continuo trabalhando como advogada no Brasil e na Itália, porque consigo fazer os processos online. E estou estudando para tentar entrar na minha área, que é a área de techs."

Kit de autoexame

"Olha, eu queria dizer à população no Brasil para não perder as esperanças, porque aqui, o fato de a vacinação estar avançada mostra que a ciência é a chave de tudo. Se a gente agora consegue ter uma vida relativamente normal... É só as pessoas investirem na ciência e torcer para que tudo dê certo. Talvez demore um pouco mais, mas com certeza as coisas vão melhorar. Mas eu queria destacar também um kit que é fornecido aqui. Pelo fato de as escolas terem sido reabertas e as crianças ficarem expostas, elas podem ser um canal de transmissão da covid nas casas. Então, o governo incentiva as famílias a pedirem um kit de autoexame, que eles mandam pelo correio. Você não precisa estar com os sintomas para fazer esse teste do kit. Se você tiver os sintomas, aí sim você vai fazer o PCR, que é o exame específico da covid. Esse, do kit, é mais simples. Você faz em casa. É para evitar a proliferação. E também, como aqui muita gente está entre a primeira e segunda dose, as pessoas podem ser portadoras assintomáticas da doença. Dessa forma, evita-se a proliferação do vírus. Isso é uma coisa muito bacana que fizeram aqui. E isso deve ter um custo baixo. É fornecido pelo sistema de saúde, o SUS deles aqui. O resultado é imediato. Pode ser uma sugestão aí para usarem no Brasil."

Estadão
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