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Coronavírus

Bolsonaro muda tom e diz que Forças Armadas jamais aceitariam 'convite' contra a democracia

Nesta semana, presidente afirmou a apoiadores que militares decidem 'se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura'

21 jan 2021 - 20h40
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BRASÍLIA - Depois de dizer que são as Forças Armadas que determinam se um país é uma democracia ou uma ditadura, o presidente Jair Bolsonaro baixou o tom nesta quinta-feira, 21, e disse que os militares jamais aceitariam "um convite de uma autoridade de plantão" para ir contra a liberdade e a democracia. Em sua live semanal, o presidente citou a Venezuela e disse que as Forças Armadas no país foram "cooptadas".

"A gente gostaria que tudo se solucionasse lá (Venezuela). A gente sabe que uma ditadura, uma vez instalada, dificilmente ela se desfaz", afirmou. Bolsonaro disse ter discutido a situação do país vizinho com o agora ex-presidente norte-americano, Donald Trump, em duas ocasiões, mas observou que a solução "não é fácil".

O presidente Jair Bolsonaro em live com os ministros Ernesto Araújo e Tarcísio Freitas
O presidente Jair Bolsonaro em live com os ministros Ernesto Araújo e Tarcísio Freitas
Foto: Reprodução / Youtube / Estadão

"Por isso, graças a Deus, aqui no Brasil nós temos as Forças Armadas comprometidas com a democracia e com a liberdade. Um grande pilar da nossa democracia são as nossas Forças Armadas, que jamais aceitariam um convite de uma autoridade de plantão, no caso do presidente da República, a enviesar por um caminho diferente da liberdade e da democracia", declarou.

Nesta semana, em meio a críticas pela atuação do governo no enfrentamento da pandemia, o presidente voltou a recorrer a um discurso mais ideológico. A apoiadores, disse que as Forças Armadas são o "último obstáculo para o socialismo" e "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura". Nesta quarta-feira, 20, ele adotou tom diferente e afirmou que os militares seguem "o norte indicado pela população".

Maduro

Em críticas ao governo do presidente Nicolás Maduro, Bolsonaro disse que a empresa White Martins foi a responsável pelo envio de oxigênio ao Amazonas. Ele ignorou o fato de que o governo do estado venezuelano de Bolívar mandou um carregamento de 107 mil metros cúbicos de oxigênio a Manaus, como confirmou a administração amazonense. Os caminhões atravessaram a fronteira com o Brasil na segunda-feira, 18.

"Se Maduro quiser dar oxigênio, carne que está sobrando lá, mantimentos, é bem vindo, não tem problema não", ironizou. O presidente ainda mandou um recado "para quem adora Maduro": "Que tal o Maduro conceder o auxílio emergencial para o seu povo?", questionou.

Bolsonaro mencionou também que o Brasil recebeu "dezenas de milhares de venezuelanos" por meio da Operação Acolhida. "Nós sentimos muito o que está acontecendo, porque os nossos irmãos lá perderam a liberdade, perderam o poder aquisitivo, grande parte vive numa miséria enorme, e inclusive fogem para o Brasil. E nós, aqui, lá em Roraima, na cidade de Pacaraima, acolhemos e os distribuímos pelo Brasil", afirmou.

Acompanhando o presidente na live, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que a Venezuela é uma nação irmã tomada por um regime ditatorial e "uma grande preocupação não só para o Brasil, mas para toda a região". "Nós reconhecemos o governo legítimo, que dezenas de países consideram legítimo, encabeçado por Juan Guaidó", disse Araújo. O chanceler destacou que o novo presidente dos EUA, Joe Biden, continuará a reconhecer o líder da oposição venezuelana como o presidente do país sul-americano.

Estadão
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