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Coronavírus

Análise: Queda abrupta da economia foi curta e seguida por uma forte recuperação

No entanto, uma retomada ainda mais robusta depende de que haja um controle da pandemia

4 mar 2021 - 04h10
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A pandemia da covid-19 levou a uma crise econômica e de saúde pública no Brasil e no resto do mundo sem precedentes históricos. Os choques de oferta, demanda e financeiro relacionados à pandemia e ao isolamento social levaram a uma queda profunda da atividade econômica no início de 2020, sendo o setor de serviços o mais afetado.

A dimensão do impacto negativo foi avassaladora. Porém, como um efeito elástico, a abrupta queda da economia foi curta e seguida por uma forte recuperação em vários setores. Dentre esses, destaca-se principalmente a indústria de transformação, com o aquecimento do consumo de bens estimulado pelos, em parte, pelo auxílio emergencial. Após uma forte retomada inicial, a economia continuou em um processo de recuperação seletiva no 2.º semestre de 2020.

Alguns setores cresceram fortemente, recuperando muito das perdas iniciais, como o comércio e a indústria de transformação. Porém, o consumo de serviços teve um avanço bem menos expressivo.

Comparado com recessões anteriores, o setor de serviços é o que menos apresenta flutuações. Mas na recessão relacionada à pandemia foi bem diferente, com o setor de serviços sofrendo a sua maior queda histórica, e uma recuperação muito menos expressiva comparada com o resto da economia.

Apesar de ter havido um crescimento acima do esperado no 4.º trimestre de 2020, a recuperação mostra sinais de uma desaceleração, sobretudo, nos primeiros meses de 2021. O fim do auxílio emergencial e dos programas de manutenção de emprego, a deterioração da renda real por conta da inflação, o aumento substancial de casos de contágios pela covid-19, acompanhados de novas restrições e isolamento social, levaram a uma redução nos indicadores de confiança.

O agravamento da pandemia indica que a retomada econômica ficará estagnada pelos próximos meses. Uma recuperação mais robusta dos indicadores econômicos para o Brasil em 2021 depende, fundamentalmente, de que haja um controle da pandemia através de uma vacinação em massa acelerada, e políticas que lidem com os fortes desequilíbrios setoriais, principalmente com relação à dinâmica do setor de serviços.

*PROFESSORA TITULAR DE ECONOMIA NA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA

Estadão
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