Condenado à morte recebe indulto minutos antes da execução
O condenado, Tremane Wood, já havia finalizado sua última refeição quando foi notificado da ordem de clemência em sua cela
Um homem de 46 anos, condenado à morte no estado de Oklahoma, Estados Unidos, teve sua sentença trocada para prisão perpétua na quinta-feira (13), a poucos minutos da hora marcada para a execução por injeção letal. A decisão foi tomada pelo governador republicano Kevin Stitt de Oklahoma, atendendo à recomendação da Junta de Indultos e Liberdade Condicional do estado. A Junta havia votado, com placar de 3 a 2, a favor da redução da pena capital para prisão perpétua.
O condenado, Tremane Wood, já havia finalizado sua última refeição quando foi notificado da ordem de clemência em sua cela. A advogada de Wood, Amanda Bass Castro-Alves, relatou que a notícia provocou uma reação intensa de alívio e gratidão. Esta é a segunda vez que o governador Kevin Stitt utiliza sua prerrogativa de clemência em quase sete anos de mandato. A ordem assinada pelo governador estabelece uma condição rigorosa: Wood jamais poderá solicitar comutação de pena, perdão ou liberdade condicional, garantindo que ele permanecerá sob custódia por tempo indeterminado.
O caso de Tremane Wood remonta ao assassinato de Ronnie Wipf, de 19 anos, ocorrido em 2002 em Oklahoma City, durante uma tentativa de roubo em que a vítima foi esfaqueada. Wood sempre manteve a alegação de que o verdadeiro autor do homicídio seria seu irmão, Jake Wood, que cumpria pena perpétua e cometeu suicídio na prisão. O governador Stitt justificou sua decisão afirmando que ela garante uma punição equivalente à aplicada ao irmão do condenado, assegurando a permanência de um criminoso violento em confinamento.
A decisão gerou reações divergentes no cenário jurídico de Oklahoma. O procurador-geral do estado, Gentner Drummond, expressou desapontamento com a medida, apesar de reconhecer a autoridade do governador para tal. Em contraste, a defesa de Wood manifestou profunda gratidão, indicando que a decisão também atende aos desejos da família da vítima e de um sobrevivente.
Legisladores republicanos locais também haviam exercido pressão sobre o governador Stitt em favor da clemência. Um dos promotores que atuaram no julgamento original, George Burnett, levantou preocupações sobre a influência que um conselho de apenas cinco membros pode exercer sobre um processo que se estendeu por mais de duas décadas, e reiterou que as evidências indicavam que Wood foi o responsável pelo ato de esfaquear Wipf.
A defesa de Wood, além de sustentar a inocência, baseou-se em alegações de incompetência do advogado original, que, segundo a advogada Castro-Alves, teria agido de forma negligente. A defesa também acusou os promotores de omitir dos jurados benefícios concedidos a testemunhas em troca de seus depoimentos. Um recurso apresentado pela defesa na Suprema Corte dos EUA para suspender a execução havia sido rejeitado antes da intervenção do governador.
Promotores, por outro lado, descreveram Wood como um detento perigoso, com histórico de envolvimento em atividades de gangue e crimes internos no sistema penitenciário. Falando da Penitenciária Estadual de Oklahoma, Wood admitiu sua participação no roubo e a má conduta na prisão, mas negou a autoria do homicídio. Oklahoma está entre os 27 estados americanos que ainda aplicam a pena de morte, enquanto 23 estados não adotam esta punição, conforme dados do Death Penalty Information Center.