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Companheiro do pai no hospital, Tomás recepcionava visitas

Filho único do prefeito, de 15 anos, assistia às aulas online e fazia as lições com Bruno Covas, que morreu no domingo, aos 41 anos

17 mai 2021 - 05h26
(atualizado às 07h24)
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Nos 14 dias em que o prefeito Bruno Covas, morto neste domingo, 16, esteve internado no Hospital Sírio-Libânes para tentar conter o avanço do câncer, o sofá que serve de cama para os visitantes foi ocupado quase sempre pelo único filho do tucano, Tomás, de 15 anos. Enquanto o pai recebia visitas de políticos, movia articulações por zoom e conversava com auxiliares e amigos, Tomás fazia aulas remotas e nos intervalos os dois faziam juntos a lição de casa.

Bruno Covas e Tomás no início de maio, na última foto de pai e filho no Instagram: momentos especiais são para sempre
Bruno Covas e Tomás no início de maio, na última foto de pai e filho no Instagram: momentos especiais são para sempre
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O pai do prefeito, Pedro Lopes, a mãe, Renata Covas, e o irmão Gustavo também passaram a maior parte da última quinzena nos corredores e salas de espera do hospital, mas Tomás foi o principal anfitrião. Ele recebia as pessoas autorizadas a subir para se encontrar com o prefeito. Antes da internação e após a vitória no segundo turno em 2020, Tomás optou por ficar no apartamento do pai, que fica em um flat na Barra Funda. O esquema de aulas virtuais facilitou o arranjo, já que a casa da mãe fica bem mais perto do colégio que frequenta em Alto de Pinheiros.

Depois do expediente na Prefeitura, Bruno e Tomás se "reuniam" invariavelmente com Volpi, o cachorro da raça staffordshire bull terrier que é praticamente mais um membro da família Covas. Era Tomás que passava a maior parte do tempo com Volpi e cuidava dos passeios e rações, mas Covas fazia questão de brincar e passear com o animal de estimação. Era seu passatempo preferido. Na vida privada, esse era o trio preferido do prefeito.

No intenso período eleitoral de 2020 Tomás foi um fiel escudeiro do pai e se destacou como uma "liderança nata", segundo o relato de amigos próximos ao tucano. "Ainda é cedo para saber se ele vai seguir a carreira política, mas ele tem uma postura de liderança", afirmou o secretário de Habitação da capital, Orlando Faria, um dos integrantes da nova geração de tucanos que Covas levou para o governo para tentar renovar o partido.

"Conheci o Tomás ainda bebê. Ele gosta de política e sempre acompanhou o pai. É natural que ele siga esse caminho e mantenha o legado do Bruno", comentou Fernando Alfredo, presidente do PSDB paulistano e também amigo de Covas.

Na saída do velório na prefeitura, um parlamentar tucano lembrou de um episódio que enchia o prefeito de orgulho. Quando ainda era deputado em 2015, Bruno levou Tomás para Brasília e o filho acabou participando de uma reunião da bancada do PSDB, que então estava dividida sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O então líder do partido, Carlos Sampaio (SP), fez uma brincadeira sobre o "novo" deputado presente e perguntou se ele gostaria de dizer algo. Tomás pegou então o microfone e "enquadrou" a bancada: "Vocês estão esperando o que para pedir o impeachment?".

No dia da apuração do segundo turno do ano passado, líderes tucanos e militantes reunidos na frente do escritório estadual do PSDB, nos Jardins, foram surpreendidos por um discurso do filho do prefeito: "Vamos ganhar com muito pé no chão", disse o estudante do ensino médio. "Se Deus quiser, vamos pegar o (Guilherme) Boulos e provar que em São Paulo o radicalismo não tem vez."

Ao Estadão, o filho único de Bruno Covas contou à época que o discurso não havia sido combinado. "Falei um pouco do que acho do outro candidato, que é despreparado", explicou. A presença do jovem ao lado do pai foi uma constante desde o início da campanha. Ele esteve em todos os debates e participou do primeiro programa do horário eleitoral. "Pretendo entrar na juventude do PSDB quando fizer 17 ou 18 anos. Eu tenho vontade de fazer política", afirma. A imersão de Tomás começou há tempos. "Acompanho desde que ele era deputado estadual. Estava também no impeachment da Dilma."

Bastante emocionado no velório do pai neste domingo, Tomás ajudou a carregar o caixão com o corpo do prefeito para o caminhão dos bombeiros, que partiu em cortejo pelas ruas do centro da capital.

Estadão
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