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Comediante e presidente vão disputar 2° turno na Ucrânia

Boca de urna aponta que o astro de uma série cômica sobre um professor que vira presidente do país ficou à frente do atual mandatário

31 mar 2019 - 15h46
(atualizado às 16h35)
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O comediante Volodymyr Zelensky e o atual presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, devem disputar o segundo turno das eleições presidenciais, apontou uma pesquisa de boca de urna divulgada logo depois do fechamento das urnas neste domingo (31/03), , informou a emissora de televisão ucraniana 1+1.

Volodymyr Zelensky, de 41 anos, ficou conhecido  por uma série cômica na qual interpreta um professor que vira presidente da Ucrânia
Volodymyr Zelensky, de 41 anos, ficou conhecido por uma série cômica na qual interpreta um professor que vira presidente da Ucrânia
Foto: DW / Deutsche Welle

Zelensky, que fez sua estreia política neste pleito, deve ficar com cerca de 30% dos votos, enquanto Poroshenko deve receber pouco mais de 18%. Tanto Zelensky quanto Poroshenko basearam suas campanhas em propostas de aproximar a Ucrânia ainda mais da União Europeia.

A pesquisa também apontou que a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko deve receber pouco mais de 14% dos votos, ficando fora do segundo turno. Um total de 39 candidatos se apresentou nas eleições presidenciais. O modelo de eleição é similar ao do Brasil. Se nem um receber mais de 50% dos votos válidos, a votação passa para um segundo turno com os dois candidatos que terminaram na liderança.

Esta é a primeira eleição presidencial da Ucrânia desde o pleito antecipado de maio de 2014, que foi motivado pela fuga para a Rússia do então presidente Viktor Yanukovych, diante dos protestos dos oposicionistas.

Na época, a surpreendente vitória, já no primeiro turno, coube ao político e empresário Petro Poroshenko, um magnata da indústria de chocolates. Agora, com a liderança de Zelensky no primeiro turno, ele tem motivos para duvidar de sua reeleição.

Zelensky, de 41 anos, é conhecido por diversos shows satíricos e pela série cômica Sluha Narodu (Servidor do povo), em que representa um professor secundário que se torna presidente do país. A terceira temporada foi lançada poucos dias antes do pleito.

Durante a campanha, ele se aproveitou da imagem de novato, emplacando entre os eleitores jovens e concentrando em si as expectativas por uma espécie de salvador que resolverá os muitos problemas do país.

Em contrapartida, Poroshenko é visto como um representante do velho sistema, percebido como ineficaz. O chefe de Estado é de malquisto a odiado por muitos. Também devido às recentes revelações de corrupção na indústria armamentista estatal, o político de 53 anos parece abatido. Suas vitórias na política externa, como a isenção de visto para ucranianos na União Europeia, não anulam a decepção com os preços crescentes e o nepotismo.

Além da guerra na região mineira de Donbass e da consequente necessidade de modernização das Forças Armadas nacionais, o vencedor da eleição se verá diante de numerosas tarefas hercúleas, sobretudo a luta contra a corrupção.

São necessárias reformas em praticamente todos os setores importantes, da Justiça e polícia à saúde. O futuro presidente possivelmente se confrontará com as consequências de uma eventual suspensão do transporte de gás para a Europa, a partir de 2020, o que pode debilitar a Ucrânia e torná-la mais vulnerável à desestabilização pela Rússia. Por fim, ainda não está claro que efeito terá sobre a sociedade a fundação, no fim de 2018, de uma Igreja Ortodoxa nacionalindependente de Moscou.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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