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Com Eduardo Bolsonaro em comissão, acordo de Alcântara não avança

Deputado tentou levar proposta direto à votação, mas foi barrado por deputados de centro e de oposição

17 jul 2019 - 05h12
(atualizado às 12h30)
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BRASÍLIA - Escolhido pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro, como o futuro embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) não conseguiu avançar com o principal acordo assinado com os americanos em discussão na Câmara.

Em cinco meses à frente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Casa, o filho do presidente acumulou desentendimentos com parlamentares, derrotas em votações e viu acumular outros 16 acordos internacionais assinados pelo Brasil. Na sua gestão, só quatro foram aprovados.

O mais significativo é o da base de Alcântara, anunciado como uma das principais conquistas de Bolsonaro em sua primeira viagem aos Estados Unidos, em março. O acordo de salvaguardas tecnológicas entre os dois países permitiria o uso de foguetes americanos na base, possibilitando a exploração comercial da estrutura.

Eduardo tentou acelerar a proposta colocando na relatoria um parlamentar alinhado com o governo. O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) emitiu um parecer favorável à proposta no dia 11 de junho, cinco dias após o documento chegar oficialmente à comissão. Sem discutir com os demais membros do colegiado, o filho do presidente tentou levar a proposta direto à votação, mas foi barrado por deputados da oposição e de partidos de centro.

'Tratorar'

Deputados ouvidos pelo Estado afirmaram que Eduardo tentou "tratorar" - termo usado para quando se tenta acelerar uma votação - sem calcular se tinha maioria ou não para ganhar a votação. "Foi uma atitude de quem não sabe negociar", afirmou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).

Eduardo teve de recuar e aceitar um cronograma de audiências que levará a discussão para a segunda quinzena de agosto.

Não foi a primeira vez que a comissão reagiu à condução do filho do presidente. Na primeira sessão do colegiado, o parlamentar tentou aprovar uma série de requerimentos de sua própria autoria para diminuir o espaço de atuação da oposição. A manobra foi criticada pela maioria do colegiado e ele recuou tirando parte dos pedidos.

O parlamentar também foi acusado de blindar aliados em áreas da política externa.

Em maio, ele rejeitou a convocação do chanceler Ernesto Araújo para explicar demissões na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em troca da convocação do chanceler, Eduardo sugeriu o convite à amiga Letícia Catelani, então recém-demitida da diretoria de Negócios da Apex. O filho do presidente garantiu que ela compareceria "em breve" para dar esclarecimentos. Dois meses depois, a data da audiência ainda não foi marcada.

O Estado procurou o deputado Eduardo Bolsonaro para tratar da sua atuação à frente da comissão da Câmara, mas ele não se manifestou.

Estadão
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