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Por que precisamos falar agora de ação climática nos municípios?

Está na hora de discutir em novos termos como desejamos que sejam nossas cidades, nossa economia e nossa sociedade.

5 jun 2020 - 06h02
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por Alice Amorim*

Este é um ano atípico em vários sentidos e também está nos convidando a pensar  fortemente sobre vulnerabilidade e resiliência, com sentidos muito diferentes dependendo do foco. Hoje nos preocupamos muito com nossa vulnerabilidade sanitária e também com as vulnerabilidades econômica e social; nessa sucessão de crises imediatas, muitas vezes esquecemos de priorizar a nossa grave vulnerabilidade climática.

A crise gerada pela pandemia da Covid-19 tem demonstrado as dificuldades dos prefeitos e prefeitas em lidar com desafios multidimensionais, tendo que eventualmente lidar ao mesmo tempo com questões sanitárias, econômicas, sociais e ambientais. A crise climática é desafiadora e ainda tem um agravante: se não houver planejamento e organização, os choques climáticos, tais como as pandemias, tendem a se repetir de tempos em tempos. E quem fica na linha de frente para contornar essa crise são justamente os prefeitos e prefeitas.

Apenas para citar um exemplo que hoje parece distante: em janeiro deste ano Minas Gerais enfrentou o maior volume de chuvas do último século[1]. Mais de 100 cidades decretaram situação de emergência, medida que se impõe e se repete nos quatro cantos do país anualmente.

Foto: Climatempo

Por que precisamos falar agora de ação climática nos municípios?

Para pararmos de viver de emergência em emergência, precisamos desenvolver nossa resistência e capacidade de adaptação. E isso deve acontecer em cada município, de acordo com seus desafios e com suas próprias soluções. O Painel Brasileiro de Mudança do Clima possui diversas publicações[2] que tratam do panorama de vulnerabilidades nas zonas costeiras, dos setores mais expostos aos impactos climáticos nas cidades. Há farta literatura disponível nos sites de organizações como C40, ICLEI, Pacto Global de Prefeitos pelo Clima, dentre outros. Sobram informações sobre como a ação climática no município pode acontecer com eficácia. Falta a população demandar de seus representantes que façam algo a respeito.

2020 ainda pode nos trazer muitas surpresas, mas não podemos esquecer que também é ano de eleições municipais. Está na hora de aguçarmos olhares para o nosso entorno após essa grave crise por que estamos passando. Está na hora de discutir em novos termos como desejamos que sejam nossas cidades, nossa economia e nossa sociedade. E principalmente como usar mais e melhor a evidência científica nessa construção de cidades com maior capacidade de ação. Precisamos falar agora sobre como criar mecanismos para reação mais inteligente e transformadora das Prefeituras a choques, sejam eles sanitários, climáticos ou democráticos.

Não há tempo a perder. É preciso agir. Agora.

*Alice Amorim é coordenadora do Portfólio de Política Climática e Engajamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS)

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Esse texto faz parte da iniciativa Clima Que Queremos, uma parceria do Climatempo e a agência O Mundo Que Queremos para desmistificar temas de meio ambiente, sustentabilidade e mudanças climáticas, com textos novos todas às sextas e segundas-feiras.

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