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Além de SP, fumaça de queimadas atingiu MS e Sul do Brasil

Entenda de onde veio e como a fumaça se espalhou pelo centro-sul do Brasil e porque o céu ficou tão escuro em São Paulo

22 ago 2019 - 01h17
(atualizado às 08h54)
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Não foi apenas o estado de São Paulo que viu a mudança na cor do céu, do sol e das nuvens nos últimos dois dias. Os estados da Região Sul, o Mato Grosso do Sul e também áreas de Mato Grosso foram afetados pela densa nuvem de fumaça que avançou o centro-sul do Brasil. 

A chuva preta e o intenso escurecimento de nuvens observados na região da Grande São Paulo na tarde de 19 de agosto não ocorreu em outras áreas porque não havia umidade suficiente para a formação de nebulosidade tão densa como ocorreu na região metropolitana de São Paulo.

Porém, outros efeitos da fumaça foram até mais notados do que em São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, na região de Corumbá, que fica na fronteira com a Bolívia, a restrição de visibilidade pela fumaça no aeroporto local começaram a ser informadas na manhã de 19 de agosto e prosseguia na noite do dia 21. Parte da fumaça certamente veio da grande quantidade de queimadas sobre a Bolívia e sobre o Paraguai.

As frases codificadas a seguir são as informações meteorológicas emitidas de hora em hora pelos aeroportos. A sigla FU representa a fumaça. O número com quatro algarismos imediatamente do lado esquerdo da sigla FU é a visibilidade horizontal em metros, aquilo que o piloto do avião consegue enxergar a olho nu, sem ajuda de aparelhos auxiliares. A visibilidade chegou a 3500 metros às 13 horas (Brasília) de 19/8/2019.

As imagens do sol avermelhado e do céu com uma cor híbrida de cinza e marrom no Paraná são típicas da presença de grande quantidade de fumaça na atmosfera. 

Foto: Climatempo

Foto de Michael Poliseli, Arapongas (PR) em 18/8/19

Foto: Climatempo

Foto de Renato Bueno, Apucarana (PR) em 19/8/19

Foto: Climatempo

Foto de Maria Aparecida A. Nogueira, Fernandópolis (SP) em 19/8/19

Foto: Climatempo

Foto de Leila Branco, Santo André (SP)

Foto: Climatempo

Céu escureceu em São Paulo em 19/8/2019

Foto: Climatempo

Foto de Lia Santiago, São Paulo (SP) em 19/8/19

Como a fumaça se espalhou pelo centro-sul do BR?

No começo da segunda quinzena de agosto era possível ver um extenso corredor de focos de fogo e de fumaça, de norte para sul, desde o Acre e Rondônia até o Paraguai e o norte da Argentina.  

Nas imagens de satélite captadas pelos satélites Terra e Aqua operados pela NASA, dos Estados Unidos, os focos de fogo aparecem como pontos vermelhos e a nuvem de fumaça é como se fosse um fino véu cinza e às vezes transparente. A resolução destas imagens não permite perceber que cada ponto vermelho é na verdade um aglomerado de focos de fogo. 

Foto: Climatempo

Focos de fogo na América do Sul em 15/8/2019 (Satélites Terra-Aqua/MODIS - NASA)

Entre os dias 16 e 17 de agosto, houve uma intensificação dos focos de fogo sobre o norte da Argentina, Paraguai e Bolívia provavelmente pela ação de ventos fortes e quentes sobre estas áreas. 

Foto: Climatempo

Focos de fogo sobre a América do Sul em 17/8/2019 (satélites Terra-Aqua/MODIS - NASA)

Veja a comparação do detalhe das duas imagens, onde o círculo amarelo destaca um grande aglomerado de focos de fogo entre o Rio Grande do Sul, o Paraguai e Argentina.

Foto: Climatempo

Comparação entre os focos de fogo no Paraguai nos dias 15 e 17 de agosto de 2019

Entre os dias 18 e 19 de agosto, uma frente fria avançou sobre o Sul do Brasil e chegou ao Mato Grosso do Sul e a São Paulo. Com esta frente fria vieram ventos frios e moderados de uma massa de ar de origem polar, das direções sudoeste/sul. Estes ventos começaram a predominar sobre o Sul do Brasil, o norte da Argentina e o Paraguai e mudaram a direção da pluma de fumaça que foi empurrada na direção do Paraná, de São Paulo e de Mato Grosso do Sul. 

Foto: Climatempo

No dia 20 de agosto ainda havia muita fumaça sobre SP, MS e Sul do BR

Fim de inverno é época de queimadas

Queimadas ocorrem todos os anos no Brasil e em diversos países da América do Sul. O fim do inverno é normalmente época de intensificação das queimadas. O início de uma queimada pode ser intencional, por ação humana, mas também por combustão espontânea. 

O inverno é uma estação de pouquíssima chuva para a maioria das áreas do Brasil e ao longo da estação a vegetação vai ficando cada vez mais seca. Os dias sem nuvens e secos são muito quentes no interior do Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste, com temperaturas que podem chegar aos 40°C no fim da estação. O solo extremamente quente e seco pode pegar fogo naturalmente.

Os focos de fogo aumentam por ação humana efetiva, mas também de forma natural, pois a vegetação muito seca e ventos às vezes fortes espallham o fogo. As queimadas feitas pelos agricultores para a limpeza do terreno visando o plantio da nova safra de verão é uma prática que facilita o alastramento do fogo.

A próxima semana será a última de agosto e o tempo seco e quente vai predominar sobre a maior parte do Brasil.

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