BH acumula só um terço da chuva de 2017
ZCAS pode se formar em dezembro
A quantidade de chuva em Belo Horizonte (MG) este ano está muito abaixo da normalidade. Outubro começou com temporais na capital, mas depois a chuva parou e a expectativa é pelo retorno regular das pancadas de chuva.
Como estão os volumes de chuva em BH
A média anual de chuva em Belo Horizonte é de 1.464 mm, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Entre o dia primeiro de janeiro e o dia 19 de outubro, choveu cerca de 550 mm, ou aproximadamente apenas um terço da média histórica anual.
Neste mês de outubro, choveu até agora 59,6 mm e a média mensal é de 123 mm. O volume está 52% abaixo da média.
Para que a capital mineira consiga atingir pelo menos a média do ano e diminuir o enorme déficit de chuva, precisa receber quase mil milímetros até o fim do ano. "Chover 1000 mm em Belo Horizonte em dois meses não é impossível, mas é uma situação muito especial e difícil de ocorrer. Teria que ter dilúvios em muitos dias, com acumulados diários de 100 mm ou mais" comenta a meteorologista Josélia Pegorim.
Foto: Edison Shoji Suzuki. Belo Horizonte/MG.
"A média de chuva para novembro em Belo Horizonte fica em torno de 230 mm e a média para dezembro é de aproximadamente 320 mm. Se chovesse 500 mm em novembro e mais 500 mm em dezembro, Belo Horizonte terminaria 2017 com chuva dentro da média anual.
Mas, estes volumes mensais são extremamente elevados e raros. Para chover 500 mm em novembro teria que chover o dobro da média. Para chover os outros 500 mm em dezembro, teríamos que ter a média de chuva de novembro e a média de chuva de dezembro caindo durante o mês de dezembro. É muita água!", acrescenta Pegorim.
Chuva de ZCAS
A melhor situação para chuva volumosa em Belo Horizonte é durante atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), fenômeno típico do verão brasileiro, que produz chuva volumosa e persistente por vários. O Sudeste do Brasil é uma das Regiões que mais sente a influência deste fenômeno.
Este ano, há uma possibilidade maior de formação de ZCAS em dezembro. Mas antes disso, já em novembro, espera-se uma mudança na circulação de ventos sobre o Brasil, fazendo com que o ar úmido tropical comece a ficar mais constante sobre o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil. Assim, o Sudeste começaria a ser "alimentado" com doses maiores e mais frequentes de ar úmido e quente tropical, o que facilita a formação de grandes áreas de instabilidade, com potencial para provocar chuva frequente e eventualmente temporais.
La Niña e El Niño
O fenômeno El Niño é caracterizado por um período no qual a água da porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial fica com temperatura acima do normal. Já o fenômeno La Niña é caracterizado por um período em que o centro-leste do oceano Pacífico Equatorial fica com temperatura abaixo do normal. Anos de La Niña estimulam a formação de ZCAS no verão brasileiro. Mas por outro lado, anos de El Niño fazem com que a atmosfera fique mais quente sobre o Brasil, o que facilita a ocorrência de temporais.
A expectativa é de que o verão de 2017/2018 transcorra numa situação tecnicamente de neutralidade, embora esteja ocorrendo uma tendência de resfriamento. Mesmo sem uma La Niña efetivamente formada, esta tendência de águas frias no centro-leste do Pacífico Equatorial é um fator positivo para a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul.
Previsão indica chuva para próxima semana
As pancadas de chuva vão retornar à Belo Horizonte a partir de domingo (22), com a passagem de uma frente fria pelo litoral do Sudeste. No início da semana, há chance para pancadas de chuva com raios.
Os meteorologistas falam ainda de uma frente fria mais forte esperada para o final de outubro, que consiga levar chuva para mais áreas de Minas Gerais e também para a Grande Belo Horizonte.
De acordo com o meteorologista Alexandre Nascimento, a chuva voltará "boa", com maior regularidade, a partir do mês de novembro.
