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Alga vermelha é protagonista em solução contra mudança climática

Ideia de criação de fibras de ágar para indústria da moda usa algas vermelhas, abundantes no Brasil, para reduzir os impactos negativos ao meio ambiente

27 jul 2021 - 03h20
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Por Larissa Magalhães/O Mundo Que Queremos

Com a crise climática global, a busca por alternativas e hábitos sustentáveis se torna cada dia mais fundamental para mais pessoas e mercados. Em 2020, a Global Fashion Agenda lançou o relatório Fashion on Climate, que demonstrou os impactos da indústria da moda no clima mundial.

Segundo o relatório, as emissões de gases de efeito estufa desse segmento variam de 3% a 10% do total global e 43% do potencial de redução da emissão desses gases pode se dar pela descarbonização da produção e melhoria da eficiência de processos, como os de fiação e tecelagem. 

Foi pensando na redução desses impactos que a estilista têxtil Thamires Pontes, uma paraibana que trabalha como agente internacional de tecido, resolveu desenvolver uma fibra têxtil orgânica e biodegradável feita a partir de um polímero, o ágar, extraído de algas vermelhas, abundantes no Nordeste brasileiro. Polímeros são macromoléculas resultantes da união de muitas unidades de moléculas pequenas (monômeros). Este, especificamente, já é muito usado em outras indústrias, como a alimentícia e a de cosméticos.

A ideia nasceu no mestrado de Thamires em Têxtil e Moda, na Universidade de São Paulo (USP). Durante a pesquisa, a produção da fibra com o ágar e solventes orgânicos gerou bom resultado físico-químico.

A fibra se mostrou resistente e, pela semelhança na aparência com fios de náilon e poliéster, tem potencial para substituir fibras derivadas de petroquímicos não renováveis, que são prejudiciais para o meio ambiente.

Além de ter um baixo valor de mercado, as fibras de ágar são de fácil fabricação, não usam grandes quantidades de recursos naturais como a água, são compostáveis e o seu descarte é consciente. A alga vermelha, de onde o polímero para a produção da fibra é extraído, não precisa ser arrancada da raiz para ser usada. Ela é apenas aparada e três meses depois volta a crescer. 

Foto: Climatempo

Fibra de ágar-ágar em diferentes formas

Agora, o projeto busca incentivo e financiamento para viabilizar testes de uso em escala industrial.  

O Fibras de ágar-ágar foi uma das 12 ideias brasileiras finalistas do No Waste Challenge, um desafio para Ação Climática do What Design Can Do em parceria com a Fundação IKEA. Lançada em janeiro de 2021, a competição de design convocou soluções para reduzir o lixo e o desperdício, e repensar toda a linha de produção e ciclo de consumo atuais. O desafio foi aberto a empreendedores criativos de todo o mundo e ofereceu três briefings de design que abordam diferentes aspectos da economia linear "extrair-produzir-descartar". A chamada aberta recebeu 1409 projetos enviados por inovadores de 100 países, sendo 173 do Brasil. Todos os projetos podem ser encontrados na plataforma do Challenge.

Foto: Climatempo
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