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Ciro Gomes diz que Tabata Amaral deveria deixar o PDT

'Eles deveriam tomar a iniciativa de sair', afirma ex-presidenciável do partido sobre parlamentares que votaram a favor da reforma

11 jul 2019 - 23h59
(atualizado em 12/7/2019 às 07h48)
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BRASÍLIA - O ex-ministro Ciro Gomes disse nesta quinta-feira, 11, que a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) deveria deixar o partido ao lado de outros colegas dissidentes. Embora a cúpula do PDT tenha fechado questão contra a reforma da Previdência, oito parlamentares do partido, incluindo Tabata, votaram a favor das mudanças na aposentadoria.

Ciro Gomes, candidato do PDT nas eleições em 2018
Ciro Gomes, candidato do PDT nas eleições em 2018
Foto: DARIO OLIVEIRA / Estadão Conteúdo

"Passada a ressaca política, precisamos olhar essa questão com severidade e equilíbrio. Eles deveriam tomar a iniciativa de sair. Estou, como dizia o velho Djavan, com aquele sofrimento de 'desgosto de filha'", afirmou Ciro ao Estado. "Essa geleia geral faz com que as pessoas não acreditem mais na política, e, sendo assim, não acreditam na democracia."

Candidato derrotado do PDT na disputa presidencial de 2018, Ciro chegou a defender a expulsão dos dissidentes em post no Twitter. Nesta quinta, porém, afirmou que, primeiro, o PDT precisa "chamar os deputados para conversar".

No jargão político, quando um partido fecha questão significa que está obrigando sua bancada a se posicionar conforme a determinação estabelecida. Caso isso não ocorra, o parlamentar "rebelde" pode ser expulso.

Ciro disse que, agora, a oposição precisa olhar com "humildade" o resultado "acachapante" da votação - 379 votos a favor da reforma, 71 a mais do que o mínimo necessário - e adotar uma política de "redução de danos" para sobreviver no Congresso. O ex-ministro da Integração Nacional já percorre o País em pré-campanha para a eleição de 2022 e adotou como estratégia a crítica ao PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado.

"A oposição teve uma lição muito amarga, de saber o tamanho que tem, para não transformar cada embate em um terceiro turno", afirmou Ciro. Na sua avaliação, porém, o sinal verde dado a mudanças no sistema de aposentadoria - com o apoio de dissidentes do PDT, seu partido, e também do PSB - mostra uma vitória do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e não do governo.

"Nosso papel é atrair (Jair) Bolsonaro para o jogo democrático e, no Congresso, ter uma política de redução de danos, em uma tática de diálogo com Maia", argumentou Ciro.

Vice-presidente do PDT, o ex-ministro do governo Lula rompeu com o PT no ano passado, por se sentir traído, e não declarou apoio ao então candidato petista Fernando Haddad na disputa contra Bolsonaro. "Nunca mais andarei com o PT enquanto quem controlar o partido for essa burocracia corrupta", disse. A cúpula petista não comentou a declaração.

Sobraram também estocadas para o governador de São Paulo, João Doria, provável candidato do PSDB à sucessão de Bolsonaro. "Doria sairá com a cara do Adhemar de Barros", provocou ele, em uma referência ao ex-governador de São Paulo, associado ao mote "rouba, mas faz". "E olhe que o PRP (partido de Adhemar) só tinha em São Paulo."

Apesar de definir o governo Bolsonaro como "uma aberração", Ciro disse que não foi o presidente quem criou o "desastre econômico" para o Brasil. "Foi o PT", acusou o ex-ministro, que tem viajado para capitais fazendo palestras e participando de seminários populares.

Com um microfone em punho e um Power Point na tela, Ciro costuma apresentar aos interlocutores o "Observatório Trabalhista", plataforma que contém indicadores trimestrais sobre economia, saúde, segurança e educação, entre outros temas. "Nós antecipamos, por exemplo, que o primeiro trimestre seria de recessão e divulgamos a inadimplência das empresas. Na Previdência, nós criticamos a proposta, mas 379 deputados tiveram a coragem de despudoradamente votar a favor. E o que aconteceu? Nada. Precisamos ter mais humildade para observar o sentimento popular", afirmou.

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Estadão
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