PUBLICIDADE

Trump não precipitará decisão sobre Acordo de Paris, promete Tillerson

11 mai 2017 - 20h43
Compartilhar
Exibir comentários

O governo dos Estados Unidos prometeu nesta quinta-feira que seu presidente, Donald Trump, não se "precipitará" em sua análise sobre se sairá ou não do Acordo de Paris e levará em conta as "preocupações" sobre os efeitos da mudança climática, embora tenha salientado que sua decisão será a "adequada" para seus interesses nacionais.

Em pleno debate na Casa Branca sobre o futuro dos EUA no Acordo de Paris, um tema sobre o qual Trump quer tomar logo uma decisão, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, participou de uma reunião do Conselho do Ártico, a região do mundo onde os efeitos do aquecimento global são mais visíveis.

Ali, teve que escutar uma apaixonada defesa do Acordo de Paris por parte de vários de seus homólogos dos países membros do Conselho do Ártico (formado por EUA, Rússia, Canadá, Suécia, Finlândia, Noruega, Islândia e Dinamarca), bem como de grupos de indígenas que vivem nessa região polar.

"Nos Estados Unidos estamos revisando agora várias políticas importantes, entre elas como o governo Trump focará o tema da mudança climática. Entendemos que cada um dos senhores tem um ponto de vista importante, e devem saber que estamos tomando tempo para entender suas preocupações", assegurou Tillerson.

"Não vamos nos precipitar para tomar uma decisão. Vamos trabalhar para tomar a decisão adequada para os Estados Unidos", acrescentou o titular de Relações Exteriores americano na reunião ministerial bienal, realizada em Fairbanks, no Alasca.

Trump prometeu no final de abril que tomaria "uma grande decisão" sobre o Acordo de Paris antes deste sábado, mas seu porta-voz, Sean Spicer, disse na terça-feira que o anúncio sobre esse tema seria adiado para depois da Cúpula do G7, marcada para os dias 26 e 27 de maio.

Esse assunto eclipsou o resto da agenda na reunião do Conselho do Ártico, na qual o Canadá e os países nórdicos aproveitaram para defender os compromissos assinados no acordo de 2015.

"Me pergunto o que o planeta diria se pudesse sentar-se nesta mesa. Talvez nos lembraria que o Ártico funciona como nosso sistema de refrigeração", disse a ministra de Relações Exteriores da Suécia, Margot Elisabeth Wallström.

A ministra alertou que, segundo estudos recentes, "dentro de apenas duas décadas, o oceano Ártico estará livre de gelo em sua maioria", um processo gradual que já está mudando seu ecossistema.

"O Acordo de Paris proporciona um caminho baseado na ciência para afastar-nos desses riscos", salientou Wallström.

Durante a reunião, a Finlândia assumiu a presidência temporária do Conselho do Ártico, ostentada durante os últimos dois anos pelos Estados Unidos, e o ministro de Exteriores finlandês, Timo Soini, foi ainda mais firme em sua defesa do pacto alcançado em 2015.

"O Acordo de Paris sobre o clima é a pedra angular para mitigar a mudança climática", assegurou Soini, para em seguida fazer um apelo para que "se assegure que a atividade humana" no Ártico seja "sustentável".

Vários representantes de indígenas também defenderam o pacto, entre eles o Conselho Internacional Gwich'in (GCI), que representa povos do Alasca e dos territórios do noroeste de Canadá.

"Estamos convencidos de que, sem políticas de longo prazo para fazer frente ao aquecimento global, nossa cultura não pode sobreviver", alertou uma representante do GCI, Ethel Blake.

Os efeitos da mudança climática, como a acidificação e o aquecimento dos oceanos, "são reais e estão acontecendo agora mesmo", sentenciou Patricia Lekanoff Gregory, representante de uma organização dos Aleuts, um povo indígena americano e russo.

O degelo provocado pelo aquecimento global está transformando o Círculo Polar Ártico em uma área de crescente peso geoestratégico, ao abrir novas rotas comerciais, o que fez que as potências da região competirem para controlar esses territórios, ricos em recursos naturais.

Na reunião ministerial de hoje foi assinado um acordo vinculativo para facilitar o trânsito dos cientistas dos oito países-membros, suas equipes e materiais pelo Círculo Polar Ártico.

EFE   
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade