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Shell tem até quinta para informar a quem vendeu barris de petróleo achados em Sergipe

Companhia diz que material não é o mesmo que se espalhou pelo litoral do Nordeste; para governo, hipótese mais provável para origem do poluente é navio fantasma

16 out 2019 - 19h53
(atualizado às 23h44)
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BRASÍLIA - A companhia de petróleo Shell tem até esta quinta-feira, 17, para informar, com detalhes, para quem afinal vendeu os barris de petróleo que foram encontrados nas praias de Sergipe. Segundo o Estado apurou, a empresa foi formalmente notificada para apresentar mais informações sobre o material. O objetivo é saber se material é o mesmo que se espalhou por 178 pontos do litoral do Nordeste e cuja origem ainda é investigada pelo governo.

Na segunda-feira, 14, a companhia anglo-holandesa declarou, por nota, que o "conteúdo original das embalagens com a marca Shell encontradas na Praia da Formosa, no Sergipe, não tem relação com o óleo presente em diversas praias do Nordeste brasileiro". De acordo com a empresa, as embalagens são usadas pela empresa para armazenar lubrificantes de embarcações.

A Shell também chegou a declarar que as embalagens têm data de fevereiro de 2019, sendo que a primeira mancha de óleo que apareceu na costa brasileira foi em setembro. "Isso aponta para uma possível reutilização do recipiente por terceiros nesse intervalo de tempo", informou a companhia.

Seja qual for o conteúdo, porém, o governo quer rastrear o caminho dos barris, ou seja, para quem foram vendidos, quando, qual era a sua destinação, quem fez as encomendas, entre outras informações. Questionada pelo Estado, a Shell confirmou, por meio de sua assessoria, que "foi notificada e que vai responder no prazo determinado".

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitou nesta quarta-feira áreas afetadas pelo vazamento de óleo no Nordeste em Bahia, Alagoas e Sergipe. Ele se reuniu com o professor Alberto Wisniewski, do Departamento de Química da Universidade Federal do Sergipe (UFS) e responsável pela análise do material encontrado nos barris da Shell e nas praias de Sergipe. "Ele (Wisniewski) explicou para nós que são fisicamente diferentes porque um está diluído, com contato com o mar, e o outro concentrado no barril, mas a fonte molecular é a mesma. O DNA é o mesmo", afirmou Salles ao Estado. "O que está nos barris está em conformidade com o que está na costa", disse.

Na avaliação do governo, a hipótese mais forte sobre a origem do crime ambiental, neste momento, é de "navio fantasma", embarcação clandestina que faz o contrabando de petróleo. Análises da Petrobrás e da Marinha já apontaram a origem venezuelana do material encontrado nas praias. O governo Nicolás Maduro, porém, nega que o óleo seja do país vizinho.

Mais de 200 toneladas da borra já foram retiradas do litoral brasileiro desde o dia 2 de setembro, quando começaram a surgir nas praias brasileiras.

Estadão
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