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Salles diz que vê 'oportunidades' em exportação 'in natura' de árvores da Amazônia

O plano, levado ao governo por madeireiros, foi defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro

27 nov 2019 - 15h32
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BRASÍLIA - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta quarta-feira, 27, que vê situações de "oportunidade" para que o Brasil libere a exportação "in natura" de árvores nativas da Amazônia, ou seja, a venda de troncos retirados da floresta, sem nenhum tipo de beneficiamento. O plano, levado ao governo por madeireiros, foi defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, depois de a iniciativa ser revelada pelo Estado no último sábado.

As oportunidades, segundo Salles, seriam situações como a vivida na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, onde, segundo o ministro, "cerca de 500 hectares foram suprimidos sem nenhum aproveitamento da madeira".

"Essa madeira continua a ser suprimida em abertura de rodovias e áreas privadas. No caso dessas oportunidades, houve queima ou simples inundação da área desperdiçando a madeira", afirmou. "Se pudesse, em casos específicos, exportar essa madeira, ela não teria se perdido."

A usina hidrelétrica de Belo Monte, na realidade, não inundou árvores, até porque a legislação ambiental brasileira não permite isso e obriga, do concessionário, a limpeza geral da área e extração do material da região.

Apesar das sinalizações de que apoia o pleito do setor, Salles disse que "essa é uma decisão que tecnicamente está sendo analisada e será tomada de forma equilibrada e no momento adequado".

"Esse pleito foi apresentado ao ministério. Há uma série de considerações feitas de parte a parte. Estamos analisando tecnicamente. Há visões de que isso poderia, de um lado, estimular eventualmente o desmatamento", comentou.

Brasil na COP-25

Na segunda-feira, 25, o ministro terá reuniões técnicas em Madri, onde ocorrerá a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25, depois de o Brasil ter rejeitado sediar o encontro.

Salles reafirmou que irá ao encontro para cobrar a contrapartida financeira dos países, porque o Brasil, em sua avaliação, tem cumprido com todas as suas exigências com o que definiu como "ambientalismo de resultado".

"O Brasil tem muita coisa feita e levará para a COP todo acervo de temas ambientais. Por outro lado, também quer receber a sinalização, finalmente, de que a promessa de recursos vultosos de países ricos para os países em desenvolvimento, já a partir do ano que vem, se concretize."

Na negociação do Acordo de Paris, houve sinalização de oferta de US$ 100 bilhões por ano (cerca de R$ 425 bilhões), disse o ministro.

"O Brasil certamente tem a maior legitimidade para pleitear uma boa parcela desses US$ 100 bilhões. Nosso trabalho é criar o mecanismo jurídico no âmbito do acordo de Paris e na legislação nacional, para que esse recurso já comece a fluir para o Brasil a partir do ano que vem."

Estadão
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