PUBLICIDADE

Remoção rápida de óleo do Nordeste é essencial para evitar dano maior

Especialistas estão preocupados com a demora das ações oficiais para combater o desastre que atingiu o litoral da região

10 out 2019 - 08h11
Compartilhar
Exibir comentários

RIO - Agir rápido e procurar culpados depois. Assim deve ser o enfrentamento de derrames de petróleo no mar, afirmam especialistas ouvidos pelo Estado. O objetivo é evitar que o problema cresça e chegue às praias. O tempo é um fator-chave, avisam pesquisadores do setor, alarmados com a demora que marcou as ações oficiais no desastre que atingiu o litoral. Até agora, já foi identificado o poluente em pelo menos 139 pontos da costa, nos nove Estados do Nordeste.

"A grande questão é agir rápido, resolver o problema, não ficar buscando culpados. Isso pode ser feito depois", afirmou Márcio Nele, professor de Engenharia Química do Programa de Pós Graduação da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Depois que a mancha se espalha, o problema aumenta muito, o óleo se mistura com a água do mar e com areia e fica mais viscoso, mais difícil de ser dispersado. Se chegar à praia, a situação é ainda mais grave."

O Brasil dispõe de um Plano Nacional de Contingência. O planejamento determina o que deve ser feito de acordo com especificidades regionais e locais.

"Cada lugar tem as suas especificidades, suas particularidades", ressaltou o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento Costeiro da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), João Luiz Nicolodi, citando correntes marítimas, ondas, tipo de praia e areia. "Há técnicas específicas para acidente com óleo de acordo com as especificidades."

A limpeza de óleo derramado no mar pode ser feita de três formas diferentes, dependendo do volume vazado e da localização do acidente, conforme especialistas explicaram. Muitas vezes as técnicas são combinadas para um resultado mais eficiente.

Boias

Em um derramamento, a tendência do óleo é flutuar. No caso de vazamento de uma quantidade não muito grande de óleo, boias podem ser usadas. Elas servem para conter o líquido e facilitar sua retirada do mar. Nesta semana, porém, a falta dos objetos dificultou o uso dessas barreiras para impedir a chegada do poluente à foz do Rio São Francisco.

Em derramamentos de volume maior, são usadas embarcações específicas, equipadas com aparelhos capazes de aspirar o óleo da superfície do mar.

Produtos químicos

Em caso de acidentes de proporções ainda maiores, podem ser usadas substâncias químicas lançadas de aviões, chamadas de dispersantes. Elas transformam o óleo em gotinhas, mais fáceis de serem degradadas pelo meio ambiente. Outra substância química usada com muita frequência transforma o óleo em uma espécie de gel, mais fácil de ser recolhido.

Em geral, as substancias químicas são usadas quando o derramamento está em alto-mar, onde a densidade de espécies é menor e, portanto, o risco de impacto ambiental também. Quando o derramamento ocorre muito perto da costa, devem ser usadas bactérias, fungos e algas capazes de degradar a mancha de óleo com um impacto menor ao meio ambiente.

Remoção manual

Se o óleo chegar às praias, a única opção é mesmo a retirada manual, o que tem sido feito pelos técnicos ambientais nas praias nordestinas nas últimas semanas. Eventualmente, pode ser necessária a ajuda de tratores.

Questionado pelo Estado nesta quarta-feira, 9, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo federal tem atuado para conter os danos e remover o material que chega às praias.

Mais de 100 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidas. O trabalho é de difícil execução porque o petróleo não avança sobre a lâmina d'água, mas no fundo do mar, até chegar ao litoral.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade