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Países ricos podem criar fundo de US$ 100 bi pelo clima até 2023, dizem organizadores da COP

Mecanismo anual de financiamento era previsto para 2020, mas ficou atrasado; países se reúnem no próximo mês para discutir o aquecimento global

25 out 2021 - 14h49
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Os organizadores da Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima (COP-26) consideram que em 2023 será possível alcançar o objetivo de que os países ricos, muito poluidores, concedam US$ 100 bilhões anuais às nações pobres para ajudá-las a enfrentar a crise climática, segundo um informe dos responsáveis pelo evento nesta segunda-feira, 25.

As últimas análises financeiras "permitem acreditar que (o objetivo) será alcançado em 2023" e será superado nos anos seguintes, de acordo com a presidência britânica da conferência, a seis dias do início do encontro em Glasgow. O financiamento do clima é uma questão crucial para a cúpula, que ocorre entre 31 de outubro e 12 de novembro. O Brasil é um dos países emergentes que cobram dinheiro das potências ricas para custear as mudanças de cortes de emissões e preservação de áreas verdes.

Em 2009, na Conferência de Copenhague sobre o Clima, os países ricos se comprometeram em aumentar a US$ 100 bilhões anuais, em 2020, a ajuda aos Estados do sul para a luta contra a mudança climática (medidas de adaptação e de redução das emissões). Dez anos depois, porém, estão longe de seus objetivos.

Em 2019 chegaram a apenas US$ 79,6 bilhões, segundo as últimas cifras publicadas em setembro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Não há informações sobre as cifras para 2020, mas "é quase certo que não se cumpriu o objetivo", reconheceu o presidente da COP-26, Alok Sharma, em declaração por videoconferência para apresentar o informe.

Essa promessa quebrada prejudica os preparativos para a COP-26. O governo britânico espera convencer 200 países para que façam mais a fim de reduzir suas emissões e conter o aquecimento global a menos de 1,5ºC na comparação com a era pré-industrial, como prevê o Acordo de Paris, de 215.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem repetido que ações de preservação ambiental e contenção do desmatamento ilegal passam diretamente pelo apoio de outros países e que depende de repasses financeiros. No início deste ano, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles chegou a dizer aos americanos que precisaria de US$ 1 bilhão para reduzir a devastação da Amazônia em até 40% nos 12 meses seguintes.

Em abril, em uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria ser pago por "serviços ambientais" ao planeta. Por outro lado, os americanos cobram resultados de ações de preservação. Durante o governo Bolsonaro, tem crescido a devastação da Floresta Amazônica, ao mesmo tempo em que caem as ações de fiscalização e multas no bioma.

Estadão
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