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ONG encontra 70 pinguins mortos em praias de Florianópolis

Equipes que monitoram impactos ambientais entre Saquarema (SC) e Laguna (SC) apontam que redes de pesca e plástico são maiores causadores de mortes da espécie; mais de 400 animais foram resgatados no litoral catarinense este ano

29 jun 2020 - 15h17
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FLORIANÓPOLIS - Equipes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)? encontraram dezenas de pinguins mortos entre as praias do Santinho e do Moçambique, em Florianópolis (SC). O resgate ocorreu no sábado, 27, e, dos 71 animais, apenas um estava vivo. As aves apresentavam marcas nas nadadeiras com indícios de que as mortes foram causadas por redes de pesca. Na última semana, o projeto resgatou mais de 400 animais no litoral catarinense.

Segundo a médica veterinária Janaína Rocha Lorenço, as análises sugerem que os pinguins ficaram presos. "Até agora, de todos os pinguins que passaram por necropsia, a causa provável de morte é asfixia/afogamento, com apteria em aletas (falha de penas nos membros torácicos), congestão generalizada e miopatia de captura [alterações fisiológicas desencadeadas no corpo por ficarem tentando se soltar por bastante tempo]", explicou Janaína.

Todos os anos, durante o inverno polar, os pinguins-de-magalhães viajam milhares de quilômetros desde a Antártida rumo ao norte em busca de águas mais quentes e cardumes de peixes. O destino da maioria deles são as regiões secas ao sul da Argentina e do Chile, mas muitos se perdem das colônias e vêm para o litoral brasileiro.

Alguns acabam ficando pelo caminho devido à seleção natural — exemplares mais jovens que ficam encalhados nas praias e não conseguem retornar ao sul do hemisfério—, mas uma parte encontra o plástico e as redes de pesca, dois componentes que podem ser letais.

"É bem triste a morte deles, ficamos arrasados cada vez que um morre. É bem frustrante o indicativo de que eles sofreram ao morrer", lamenta a médica Janaína. Um dos animais resgatados em Florianópolis estava com um pedaço de rede enrolado no pescoço. Só este ano, em Florianópolis, a equipe da R3 animal, que faz o monitoramento na Ilha de Santa Catarina, já resgatou mais de 200 animais. Os que sobrevivem são encaminhados no centro de reabilitação que fica no norte da Ilha.

Na semana passada, 223 pinguins da mesma espécie foram resgatados pela equipe do projeto responsável pela região do litoral norte do Estado, da Universidade da Região de Joinville (Univille). Os animais foram resgatados em Itapoá, São Francisco do Sul e Barra do Sul. Destes, 164 já estavam mortos.

Além do plástico descartado nos oceanos e confundidos com alimento, a captura incidental (bycatch) é apontada como outra grande causa de morte de animais marinhos. Mesmo não sendo alvo de pescaria, após capturados, eles morrem, muitas vezes nas próprias redes de pesca.

Projeto monitora área do pré-sal

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, devido às atividades da Petrobrás de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

Entre Laguna (SC) até Saquarema (RJ), diversas equipes ligadas a associações ambientais e universidades monitoram diariamente os locais em busca desses impactos. O objetivo é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

Apesar de a morte dos pinguins, aparentemente, não ter relação direta com a extração de petróleo, a atuação dos grupos já permitiu o resgate de dezenas de outros animais como tartarugas, baleias, leões marinhos, gaivotas, entre outros.

Estadão
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