PUBLICIDADE

O orgânico que perde a pompa e ganha a vizinhança

Organização mostra como é possível fazer integração social de grupos vulneráveis com agricultura sustentável

27 jun 2021 - 15h04
Compartilhar
Exibir comentários

Hans Christian Temp, membro do Conselho da Organização Cidades sem Fome, não mede as palavras para ressaltar o papel dos compradores no negócio que coordena. "É um mercado que está se desenvolvendo por causa dos consumidores."

A Cidades sem Fome nasceu em 2004 com o objetivo de propiciar integração social de grupos vulneráveis, com base na agricultura sustentável. A organização viabiliza a criação de espaços de horticultura na cidade para empregar trabalhadores que plantam e colhem alimentos orgânicos principalmente em bairros da zona leste de São Paulo. São hortas urbanas comunitárias e escolares, estufas agrícolas e expansão da agricultura familiar.

O E do ESG aparece de forma mais óbvia, com a transformação de espaços urbanos em verdes, com a redução do uso de agrotóxicos e um olhar mais cuidadoso com a natureza. Mas todo o restante do processo também é pensado para ser sustentável - desde a produção até o pagamento justo de todos os envolvidos no processo, dos funcionários aos entregadores externos.

Quem trabalha nas hortas, por exemplo, ganha aproximadamente 2,5 salários mínimos (R$2.800), bem acima da renda média nacional, que no primeiro trimestre de 2021 teve queda e ficou em R$ 995, de acordo com pesquisa do FGV Social. O G, de governança, se reflete na prestação de contas minuciosa que a empresa faz a seus parceiros - todos privados, incluindo alguns até de outros países.

Para Temp, é essencial que o orgânico não vire um produto de luxo, e a maioria dos alimentos que crescem nas hortas urbanas do projeto em São Paulo é vendida ali mesmo, na vizinhança. "Percebemos que nas periferias as pessoas têm muito interesse, porque os alimentos vendidos nos supermercados ali não são classe A, como nas regiões mais ricas", afirma ele. "O consumidor tem percebido que pode comprar orgânicos a preço de feira."

Até a domicílio

Isso não quer dizer que a produção não chegue mais longe. Mercados em outras regiões de São Paulo já vendem os produtos da Cidades sem Fome, e é possível adquiri-los também por delivery. Hans percebe que o interesse vem principalmente dos consumidores de menos idade - em todas as classes sociais. "Os jovens têm total consciência de que querem que seu alimento seja de fontes socialmente sustentáveis."

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade