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Irmão de brigadista de Alter do Chão diz que denúncia é 'pesadelo'

Parente de Gustavo Fernandes diz que irmão não estava no Pará quando aconteceram os incêndios. Quatro foram presos

28 nov 2019 - 05h11
(atualizado às 22h59)
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SOROCABA - O gestor de turismo Guilherme Fernandes, de 32 anos, irmão do brigadista Gustavo Fernandes, um dos presos na operação da Polícia Civil contra organizações não governamentais (ONGs) que atuam no Pará, diz que a situação ainda é "surreal, um pesadelo", mas que respira aliviado desde que soube da soltura do irmão.

Segundo ele, Gustavo sequer estava no Pará quando ocorreram os incêndios supostamente causados pelos brigadistas. "Ele estava em um casamento no interior de São Paulo, tem passagem aérea e reserva de hotel confirmando isso, mas nada foi levado em conta. Já passamos tudo para o advogado dele, mas parece que havia predisposição para incriminar meu irmão e os outros brigadistas", disse.

Gustavo Fernandes, 36 anos, nasceu em Bauru, mas morava em São Paulo até se mudar para Alter do Chão (PA). Ele é formado em Turismo pela PUC-SP. Ainda em seu tempo de colégio, quando estudava no tradicional Sion, desenvolveu um projeto de reciclagem. "Esse projeto ainda é referência no colégio. Ele sempre foi engajado. Sempre foi o tipo de pessoa que tirava do próprio prato para dar para os outros", contou o irmão.

Guilherme conta que o irmão se apaixonou por Alter do Chão logo na primeira vez que conheceu o lugar e que, imediatamente, soube que aquela floresta seria sua casa. "Ele se mudou de mala e cuia. No começo, morou de aluguel e depois construiu uma casa, muito simples, em um terreno. Meu irmão seria incapaz de fazer algo de ruim para a floresta". disse. Gustavo é solteiro e vive no Pará com a namorada.

Ele conta que Gustavo, desde 2015, tem um projeto de turismo em Alter do Chão (PA), que depende da biodiversidade e das belezas naturais do lugar para se sustentar. "Por que ele iria destruir o que é seu sustento? A verdade é que ele foi apagar o fogo como voluntário, usando chinelo havaiana."

Além de atuar na ONG e como brigadista, Gustavo também é voluntário em uma creche e em um centro espírita (a família toda é espírita). "Todo fim de semana ele serve sopa em uma comunidade indígena de lá. Meu irmão nunca gostou de viver na metrópole, o sonho dele sempre foi morar junto da natureza", lembrou.

Guilherme nunca ouviu do seu irmão que ele estaria sendo ameaçado ao algo do tipo, mas acredita que a prisão esteja relacionada com a "atual onda de criminalização de ONGs" que atuam na floresta.

Com a notícia da soltura dos brigadistas, Guilherme e a família pretende trazê-lo de volta para São Paulo. "A gente, a família, decidiu que não iria sofrer, mas que iríamos lutar pela liberdade do Gustavo. Ele é uma pessoa pela qual vale a pena lutar", disse.

Colaborou: Gilberto Amendola
Estadão
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