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Involuntariamente abandonados, pinguins sul-africanos ganham 2ª chance

16 nov 2016 - 06h01
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Todos os anos, mais ou menos nesta época, os pinguins sul-africanos mudam a plumagem, um processo que os mantêm longe do oceano durante três ou quatro semanas, período em que são incapazes de pescar, o que acaba deixando seus filhotes sem comida, e muitos deles morrem de fome.

Desde 2006, uma organização não-governamental sul-africana resgata estes animais de Cape Colony e os leva a dois centros de reabilitação no sul da África do Sul. Lá, eles são alimentados e conseguem crescer sãos e salvos até serem devolvidos a seu habitat.

"Cada exemplar de pinguim é importante se não quisermos que a população da África do Sul se perca", diz à Agência Efe o gerente de marketing da Fundação para a Conservação das Aves Costeiras (SANCCOB), Francois Louw, destacando que em dez anos mais de 4 mil exemplares já foram salvos.

Louw conta que há cerca de 100 anos, aproximadamente, 1 milhão de pinguins africanos viviam no litoral e nas ilhas da África do Sul e da Namíbia. Desse total, restam 25 mil, ameaçados pela falta de comida no mar e o que provocou a queda da população em 60% nos últimos 15 anos. Entre outubro e janeiro, e depois de comerem sem parar para sobreviver sem ingerir nada, os pinguins adultos trocam as plumas velhas por novas e resistentes à água e devem evitar o contato com o mar para não morrer de hipotermia.

Antigamente, a perda das crias durante este processo era compensada por aquelas nascidas em outros períodos, que recebiam comida e sobreviviam, mas agora a queda drástica no número de pinguins tornou a intervenção humana aconselhável para evitar a morte dos recém-nascidos por inanição.

No centro de reabilitação da Cidade do Cabo, por exemplo, a equipe da SANCCOB dá sardinhas aos pequenos pinguins que gritam nervosos em seus braços. Eles tentam picar os cuidadores, que introduzem, com um fino tubo de plástico, um líquido vitaminado que os ajuda a sobreviver e crescer adequadamente. Na asa, eles carregam um papelzinho com um número que serve para os especialistas identificá-los e continuar acompanhando de perto a evolução deles.

Fora dos berços, eles nadam em tanques adaptados, batendo uns nos outros e se preparando para voltar a ter contato com o mar, onde em breve terão que buscar seu próprio alimento.

Após um processo de recuperação que dura de dois a três meses, os pinguins são soltos em diferentes pontos, como a praia de Boulders, Robben Island, Stony Point e as ilhas Saint Croix.

Atualmente, 236 estão em tratamento nos dois centros da ONG, que financia seus programas com doações privadas e adoções simbólicas de filhotes de pinguim por 1.000 rands (R$ 240).

"Desta forma, você ajuda a cobrir o custo da alimentação (cada filhote come até oito sardinhas por dia), medicação e tratamento de infecções e cuidado especializado", explica a organização em sua página.

O Spheniscus demersus, nome científico do pinguim africano, é uma espécie única e só encontrada no sul do continente.

Segundo organizações conservacionistas, semanalmente 23 pinguins africanos morrer pela falta de comida nos oceanos afetados pela pesca industrial de anchovas e sardinhas, dois alimentos básicos na dieta dos pinguins.

EFE   
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