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Fogo no Pantanal é 99% de origem humana, diz pesquisador

Mato Grosso do Sul decretou nesta quinta-feira, 12, emergência e pediu ajuda federal contra incêndios que devastam região

13 set 2019 - 12h11
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SOROCABA - Os incêndios que devastam o Pantanal em Mato Grosso do Sul são causados principalmente pela ação do homem, segundo o pesquisador Felipe Dias, diretor-executivo do instituto SOS Pantanal. Segundo ele, são raros na região os focos originados por combustão espontânea. Ao Estado, o pesquisador disse que o tempo seco e o vento colaboram para espalhar as chamas, que já destruíram mais de 1 milhão de hectares no Estado. Ele considera o dano ambiental desastroso.

Qual a origem dos incêndios que atingem o Pantanal Sul?

É 99% de origem humana, intencional ou não. Começa com uma ação do homem e, depois, fatores como a falta de umidade, o calor e o vento se incumbem de espalhar.

Quem seriam os agentes dessas queimadas?

Ainda existe na região a tradição do uso do fogo para limpar terrenos. Começa com uma ação controlada que depois escapa do controle. Aí entra a ação do vento. Tivemos o caso de uma queimada em que as chamas pularam um rio de 30, 40 metros e se espalharam pelo outro lado. Uma fagulha levada pelo vento pode dar origem ao foco.

Parque Nacional Serra da Bodoquena, no Pantanal, é um dos locais atingidos pelas queimadas
Parque Nacional Serra da Bodoquena, no Pantanal, é um dos locais atingidos pelas queimadas
Foto: Governo do MS/Divulgação / Estadão

No Cerrado há casos de combustão espontânea. Não acontece também no Pantanal?

Difícil. A gente observa um grande número de queimadas ao longo da BR-162, que liga Campo Grande a Corumbá. Nesse caso, dá para deduzir que as pessoas jogaram cigarros acesos. Às vezes, uma garrafa ou pedaço de vidro, refletindo e ampliando a luz do sol, é suficiente para iniciar o fogo, mas alguém jogou ali.

Já é possível avaliar o impacto dos incêndios ao ambiente?

As queimadas já atingiram mais de 1 milhão de hectares e estão concentradas na região do Pantanal Sul. Esse ambiente tem grande capacidade de resiliência ao fogo, mas há uma perda muito grande de animais, principalmente os mais lentos, como tamanduás, tatus e cobras. A diversidade de vegetação que se perde é muito grande. Ali temos áreas de vegetação rasteira, cerrados e matas de cordilheira, com vegetação arbórea. Não deixa de ser desastroso para o meio ambiente."

Estadão
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