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Focos de incêndio voltam a atingir o Pantanal; cidades turísticas já perderam 3 mil hectares

Ao menos 100 bombeiros militares estão acampados na região; falta de chuvas e baixa umidade do ar favorecem propagação das chamas. Bioma teve recorde de incêndios ano passado

12 jul 2021 - 15h10
(atualizado às 21h41)
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Grandes focos de incêndio voltaram a atingir o Pantanal, em Mato Grosso do Sul, um dos ecossistemas mais vulneráveis do País, neste fim de semana. As chamas consumiram três mil hectares no Banhado do Rio da Prata e avançam sobre a região de Porto Morrinho, a 70 km da área urbana de Corumbá.

Animais já foram atingidos pelo fogo. Pelo menos 100 bombeiros militares estão acampados na região, em missões de combate aos focos. A falta de chuvas e a baixa umidade do ar favorecem a propagação das chamas.

Bombeiros mobilizam contingente e aviões no combate aos incêndios no Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Depois do controle das chamas, os bombeiros fazem o rescaldo e buscam animais atingidos pelo fogo
Bombeiros mobilizam contingente e aviões no combate aos incêndios no Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Depois do controle das chamas, os bombeiros fazem o rescaldo e buscam animais atingidos pelo fogo
Foto: CBMMS/Divulgação / Estadão

Neste domingo, 11, os bombeiros combateram vários focos que surgiram à margem direita do Rio Paraguai, em Porto Morrinho. Essa é uma região de pesqueiros, muito procurada por turistas que viajam para o Pantanal. A mata é fechada e com grande quantidade de coqueiros e caraguatás, que ajudam as chamas a ganharem altura. Essa frente de combate é integrada por 79 militares e brigadistas voluntários, com apoio de 15 veículos traçados. No fim da tarde, a fumaça densa ainda cobria o horizonte.

Conforme o major André Munhoz, comandante da operação, havia chamas também na região da Nhecolândia e do Paraguai-Mirim. "A característica dessa região é que são áreas extensas de grandes fazendas, quase sem estradas, com acesso difícil aos focos", disse.

Em vários pontos o terreno é composto por turfa, material orgânico acumulado no subsolo, onde acontece o chamado fogo subterrâneo. No período de seca severa, como agora, esse material se torna altamente inflamável.

Novos focos de incêndio apareceram no Banhado, área normalmente alagada, mas agora totalmente seca, na bacia do Prata, entre Bonito e Jardim. O Corpo de Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (CBMMS) mobilizou 50 homens, dois aviões e quatro caminhões-pipas para combater os focos.

O risco é de que o fogo atinja o Parque Nacional da Serra da Bodoquena. As aeronaves realizaram voos de reconhecimento para identificar os novos focos. Os incêndios haviam sido controlados no sábado, mas voltaram a ocorrer. A Marinha do Brasil emprestou um helicóptero para o lançamento de água sobre as chamas.

Espécimes da fauna silvestre já são vitimados pelo fogo. Depois de terem encontrado jacarés queimados em um banhado, no sábado, 10, os bombeiros militares registraram uma sucuri de 5,5 metros, atingida pelo fogo, no Banhado do Rio da Prata.

No ano passado, o Pantanal teve recorde de incêndios, atingindo cerca de 4,1 milhões de hectares do bioma, que se estende até o sul do Estado de Mato Grosso. Até onças-pintadas morreram nas chamas que afetaram 28% do bioma, segundo o Instituto SOS Pantanal.

Queimadas ameaçam turismo

Na região de Porto Morrinho, o turismo pesqueiro espera ser afetado pela fumaça dos incêndios em breve. "Não tem como correr: não chove, este tempo seco. De um jeito ou de outro vai afetar o turismo. Já vem afetando a falta de água, a isca, a gasolina, a covid", afirmou Getúlio de Souza, proprietário da pousada Vida Selvagem de Corumbá.

Enquanto isso, à margem do Corixo Gonçalinho, ligado ao Rio Paraguai, a pousada Jund Pesca está sem reservas de maio a outubro porque a baixa do nível do canal impossibilitou a saída de barcos. De acordo com a pousada, há dois anos não é realizada a dragagem do corixo, que sustenta 20 estabelecimentos de turismo.

Estadão
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