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Devastação na Mata Atlântica aumenta em oito Estados; em SP, exploração imobiliária é causa

São Paulo e Espírito Santo lideram com taxas acima de 400% na destruição florestal; Alagoas e Rio Grande do Norte também registraram desmatamento, mas não constavam em estudo anterior para termos de comparação

26 mai 2021 - 11h10
(atualizado às 12h48)
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A devastação da Mata Atlântica explodiu em São Paulo e no Espírito Santo nos últimos dois anos. Segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, em 2019/2020, os dois Estados ficaram no topo da lista de destruição florestal com taxas acima dos 400%, em relação ao período de 2018/2019. O ES registrou taxas de mais de 462% na perda da cobertura vegetal, seguido por SP, com 402%. A explicação no caso paulista seria a expansão da exploração imobiliária. Em pelo menos dois Estados, Rio e Mato Grosso do Sul, a porcentagem mais do que dobrou.

As informações, divulgadas nesta quarta-feira, 26, véspera do Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio, mostram que o crescimento da devastação ocorreu em oito dos 17 Estados monitorados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Espírito Santo). Alagoas e Rio Grande do Norte também registraram desmatamento, mas não constavam do estudo anterior. A Paraíba não foi incluída no levantamento.

No total, segundo o estudo, foram desflorestados 13.053 hectares (130 quilômetros quadrados) da Mata Atlântica no período - dado que, embora tenha o percentual geral 9% menor em relação ao levantamento de 2018-2019 (14.375 hectares), representa um crescimento de 14% em relação a 2017-2018 (11.399 hectares), quando o desflorestamento atingiu o menor valor da série histórica. O projeto, criado para monitorar as mudanças na cobertura vegetal desse bioma brasileiro, existe desde 1989.

Detalhamento dos remanescentes florestais da Mata Atlântica em Guaratinguetá, SP, entre 2019 e 2020. O contorno em vermelho indica a área devastada. 
Detalhamento dos remanescentes florestais da Mata Atlântica em Guaratinguetá, SP, entre 2019 e 2020. O contorno em vermelho indica a área devastada.
Foto: Divulgação/SOS Mata Atlântica / Estadão

"Esse total de 13 mil hectares de devastação representa muito porque trata-se de um bioma no qual qualquer perda tem um impacto imenso na biodiversidade e nos serviços desse ecossistema", afirmou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica (leia a entrevista).

Seis Estados - Piauí, Pernambuco, Paraná, Sergipe, Bahia e Minas Gerais - registraram melhora nos índices, com taxas abaixo dos 76% no desmatamento. O Piauí apresentou a maior queda. Entre 2017-2018, o Piauí aparecia no quarto lugar da lista, com 1.558 hectares devastados. Neste último período (2019/2020), foram 372 hectares derrubados, informa o levantamento.

As informações são do Atlas da Mata Atlântica, estudo realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os pesquisadores, atualmente restam apenas 12,4% da cobertura original de Mata Atlântica, bem abaixo do limite mínimo "aceitável" de 30%. Grande parte dessas áreas de florestas está dividida em propriedades privadas.

Imagens de satélites mostram remanescentes florestais da Mata Atlântica em Panca, no ES, entre 2019 e 2020. No centro da segunda imagem, referente ao ano passado, área vermelha indica área devastada.
Imagens de satélites mostram remanescentes florestais da Mata Atlântica em Panca, no ES, entre 2019 e 2020. No centro da segunda imagem, referente ao ano passado, área vermelha indica área devastada.
Foto: Divulgação/SOS Mata Atlântica / Estadão

De acordo com a fundação, o projeto de recuperação das áreas degradadas conta com apoio de empresas como a Ypê, de produtos de limpeza, e a Nespresso, produtora de cafés, ambas com atuação e parcerias em projetos de restauração do bioma da Mata Atlântica. A Ypê já plantou mais de 1 milhão de árvores em 20 municípios paulistas, com investimentos que somam até R$ 14 milhões. A Nespresso, por sua vez, investiu cerca de US$ 170 mil, plantando 70 mil árvores de 60 espécies nativas em programa de recuperação da Bacia do Rio Pardo, município de São Sebastião da Grama, no interior paulista.

Estadão
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