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Concentração de gases do efeito estufa bate recorde em 2018

Organização Meteorológica Mundial, agência da ONU, advertiu que não há 'indícios de desaceleração visíveis'

25 nov 2019 - 16h56
(atualizado às 20h47)
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GENEBRA - Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera tiveram concentração recorde em 2018, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 25, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU). O monitoramento também indica que não há "indícios de desaceleração visíveis" da quantidade de poluentes lançados na atmosfera.

De acordo com os cientistas, o dióxido de carbono (CO2), o principal gás causador do efeito estufa, bateu novo recorde de concentração em 2018, de 407,8 partes por milhão (ppm). Ou seja, nível 147% maior que o pré-industrial de 1750. Em relação a 2017, a alta foi de 0,56%.

O alerta foi divulgado poucos dias antes do início da reunião anual da ONU sobre a luta contra a mudança climática, a COP25, que acontece entre os dias 2 e 13 de dezembro, em Madri, na Espanha. A última vez que a Terra teve uma concentração tão elevada de gás carbônico, segundo a OMM, foi em um período entre 5 e 3 milhões de anos atrás.

"Não há indícios de que vá acontecer uma desaceleração e muito menos uma diminuição da concentração dos gases causadores do efeito estufa, apesar de todos os compromissos assumidos no Acordo Climático de Paris", disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

Neste ano, o governo dos Estados Unidos oficializou a saída do tratado global, que foi assinado por 195 países em 2015 com objetivo de articular esforços contra o aquecimento global. A retirada do pacto era uma das promessas de campanha do presidente Donald Trump. A gestão Jair Bolsonaro chegou a fazer diversas críticas ao acordo climático. Mas depois garantiu que não vai abandonar o compromisso, diante do receio do agronegócio de perder parceiros comerciais, principalmente europeus, preocupados com a sustentabilidade dos produtos comprados.

O documento da OMM não leva em consideração as quantidades de gases do efeito estufa emitidas na atmosfera, mas sim as que permanecem nela, já que os oceanos absorvem quase 25% das emissões totais - assim como a biosfera, à qual pertencem as florestas. "Se não fizermos nada se atingirá uma elevação entre três e cinco graus (da temperatura média global) no fim do século", alertou Taalas. A comunidade científica prevê aumento de desastres climáticos se superada a linha de aumento de 1,5 graus Celsius até 2100.

Ritmo de poluição atmosférica se acelera

A OMM também destacou que o aumento anual da concentração de CO2, que persiste durante séculos na atmosfera e ainda mais tempo nos oceanos, foi superior à taxa de crescimento média dos últimos 10 anos. Os cientistas também destacaram o aumento das concentrações de metano (CH4), que aparece em segundo lugar entre os gases do efeito estufa com maior persistência, e de óxido nitroso (N2O). Esses dois gases também tiveram aumento acima da média anual da última década.

O metano, cujas emissões são provocadas em 60% pela atividade humana (gado, cultivo de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros, etc), e o óxido nitroso, com 40% das emissões de origem humano (fertilizantes, processos industriais...), também alcançaram níveis máximos de concentração. O óxido nitroso também tem um forte impacto na destruição da camada de ozônio, que filtra os raios ultravioleta.

Estadão
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